Raniere Sabará
1 de Janeiro de 2023 renasce, como em tantos outros anos, e com ela a esperança de dias melhores. Não atoa que tal data se coincida com o empossamento de chefes de Estado. Após uma longa jornada de desencantos e retrocessos, o Brasil se viu à margem do realismo e promulgação de um futuro alcançável. Não havia de ter outra possibilidade que não fosse festejar como fins de carnavais.
A alegoria já estava à postos. Criaram-se especulações. Por um momento, pensei que a luta armada haveria de ocorrer e o medo tomou conta. Por outro, o que vi foi o patético desfecho de um governante que fugiu da aceitação, embora não me tenha ocorrido espanto pela tamanha atitude após quatro anos vergonhosos de sucateamento da nação. O guru de Olavo de Carvalho fugiu dá própria realidade paralela que criou e orquestrou as mentes famintas jogadas ao vento nas portas dos quarteis em Brasília. Implantou o caos e voou em busco de exilio. Digo, sorte a nossa não o ter mais aqui.
Jamais me esquecerei de todos os desgostos e salivas amargas advindas da ruína de sangue derramado nas valas da democracia pelo chamado projeto de regresso socioeconômico. É inegociável questionar ou encontrar respostas para algo que é inquestionável. Violação de direitos de ser e existir. No entanto, por estar em um campo maisprogressista radical da ala ideológica da esquerda eleita, julgo ser importante refletir também sobre os desmembramentos da posse e dessa festa que, de algum modo, me emocionou.
A subida naquela rampa guiada pela diversidade que povoa nosso Brasil, escancarou duas faces de uma mesma moeda: Poder ao povo e o suspiro de liberdade. Não nego que, com lágrimas, aquelaimagem representou a utopia que espero de uma sociedade ideal.
A representatividade que trazia em seu próprio plano de governo, enche nossos corações de alegria e desejo de mudança. No entanto, ei de dizer que nossos olhos, a partir de agora, devem estar atentos para que não caiamos em cegueira sobre o que, de fato, é politica e progresso.
A própria dinâmica do capitalismo escancara e necessita das desigualdades sociais para se manter de pé. Em um modelo neoliberal ou keynesianismo progressista que se pretende implantar, as desigualdades e opressões das quais rodeiam nossa sociedade, não irão deixar de existir. O Estado será interventor para pleno equilibro de emprego. Formulador de politicas publicas para o bem-estar social da nação. Tais ações, não inibem a atuação dos mercados e muito menos as parcerias Público-Privadas que estampam ainda mais em outdoors a miséria do mundo.
Em uma frente ampla que, embora nos atraem sorrisos singelos pelos múltiplos corpos e características que os compõem, é a porta de entrada da conciliação das relações de poder que assim se constituem. Mesmo entendendo que, talvez, minha representatividade política para o ideal de sociedade nunca há de chegar no poder, pois, a própria dinâmica atual do modo de produção vigente faz com que políticos se moldem para fora daslinhas do ideário, desejo as minhas sinceras felicitações a posse de Lula que marca não o começo do paraíso, mas sim, a saída do inferno.