Uma data especial

Silvia Ribeiro

Andei refletindo sobre alguns comportamentos que nos atordoam e que nos coloca à mercê de picuinhas e desagrados sem o menor critério, e me espantei.

Como somos apegados a certas convenções!

Nos julgamos descolados, modernos, experts em tecnologia, e no entanto nos deixamos escravizar por coisas corriqueiras e costumes sem eira e nem beira, como algumas datas por exemplo.

Se alguém te magoa num dia comum você ressuscita toda a sua benevolência e se sente até capaz de perdoar, ainda que isso seja uma decisão da boca pra fora. Mas, se isso acontece no Natal aí a coisa muda de figura, e o que seria um simples esquecimento vira um pecado mortal.

Se alguém que você considera importante na sua lista de preferidos esquece a data do seu aniversário ou finge que esqueceu, isso toma proporções gigantescas. Nossa! É quase um homicídio e a gente morre por dentro.

E assim, se dá também com outras datas ditas especiais.

Me pergunto se realmente é necessário um calendário pra definir o que sentimos? Acho que não.

Podemos ser generosos e amorosos cotidianamente sem que pra isso seja necessário um dia marcante ou um ritual cravando um punhal nas nossas costas e tirando a nossa liberdade, quando tudo o que a gente quer é ouvir o nosso coração cantando alto.

É possível demonstrar pra quem quer que seja o lugar que essa pessoa ocupa nas nossas vidas, mesmo num dia em que o nosso olhar esteja nublado e a nossa alma não ande lá tão bonita como deveria.

Uma coisa eu posso garantir: a vida é um brinquedo que colocaram nas nossas mãos, e por mais que isso nos doa um dia ela não vai mais querer brincar, portanto aproveite a brincadeira.

Seja feliz por qualquer coisa, até mesmo porque se esqueceram de você.

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4 comentários sobre “Uma data especial

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