Luciana Sampaio Moreira
Em questão de minutos, eu e o marido decidimos fazer o tão prometido bate-volta a Aparecida (SP), onde fica o maior Santuário Mariano do mundo, dedicado à Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Passados quatro anos desde a última visita, e antes que as máscaras retornem e que as portas se fechem novamente com uma já anunciada terceira onda de Covid-19, pegamos estrada.
Anoiteceu, bateu o cansaço ao volante e decidimos parar em algum lugar. Por sorte, encontramos no meio do nosso caminho a pequena, charmosa e pacata Caxambu, um dos maiores complexos hidrominerais do mundo, com 12 fontes de água mineral que têm várias serventias comprovadas para a saúde.
Com horário para chegar a Aparecida, fizemos pouso no antigo Hotel Bragança, bem na praça central da cidade. A construção pintada de rosa com janelas brancas guarda histórias do passado, afixadas nas paredes e a necessidade de se modernizar para atender os hóspedes. Ficamos na ala que já está reformada, no segundo andar. Preço bom, cama confortável, travesseiros deliciosos e banho quente. Era do que precisávamos para seguir viagem no dia seguinte. Por dentro, o pé direito é altíssimo e os salões enormes, um disparate para os tempos modernos, onde cada cm² vale uma fortuna.
Saímos pela manhã, depois do café, e logo fomos abordados pelo Rulem, que ofereceu um passeio de charrete pelas ruas. A sua, de número 34, é levada pela Princesa. Ele e o irmão sucederam o pai no negócio da família. Em um dos trechos, observamos que moradores se revezam na Fonte Viotti Menor, que fica do lado de fora do Parque das Águas, para levar água para casa.
Descemos da charrete para degustar e aproveitamos para ter saber mais sobre aquela prática. Sem a cerimônia característica dos mineiros, os presentes disseram que só bebem daquela água. Conseguimos algumas garrafas, voltamos lá e fizemos a nossa reserva. Afinal, melhor prevenir que remediar.
Só lamento que o governo do Estado, via Codemge, não disponibilize tamanha riqueza para a população. As águas de Caxambu, Araxá, Cambuquira, Lambari, São Lourenço, Baependi e outras cidades do Circuito das Águas – todas já estudadas cientificamente – são remédios que a natureza concede e não apenas produtos de categoria premium para paladares gastronômicos mais requintados. Por que não usá-las para o benefício do povo mineiro, com apoio do SUS, em um projeto que pode render menos custos para o Sistema, melhoria da qualidade de vida das pessoas e fortalecimento da atividade turística em Minas?
E, como era o plano inicial, seguimos rumo a Aparecida, que não é mais “do Norte”. Lá, encontramos uma cidade lotada de romeiros que, como nós, foram em busca da força do alto para dar conta de tantos desafios. A caminhada pela passarela que liga a cidade ao Santuário é uma experiência emocionante porque resume o que aquele lugar santo representa. Saí dando tchau e prometendo nova visita. A vida de romeiro é assim!