Foco no agora, Dani. Atenção. Nada de passado ou futuro rondando. Aí o pensamento vai lá na agenda. “Eu tinha que ter marcado aquele atendimento. Será que não é melhor parar agora e anotar. Depois posso me esquecer…” Não, Dani. Foco no aqui. Respira. Foca na respiração. Ok. O ar entra pelas narinas. Sai um pouco mais quente do que entrou. “Meu Deus, aquele debate foi péssimo. O que será deste país depois dessa eleição? Será que eu não devia me levantar daqui e me engajar agora mesmo numa ação mais efetiva? Estou aqui sentada enquanto o país pega fogo.” Está doida, Daniela? Volta, pessoa. Foco no aqui. São apenas 15 minutos. “Ok. 15 minutos.” Corpo firme, mas flexível. Calor. Respiração. Energias se equilibrando. “Que blusa eu deveria usar para gravar aquele vídeo hoje? Estou me achando meio feia…”. Volta, Dani. “Ok. Tem alguma coisa mais equilibrada que, dentro de mim, observa toda essa confusão que surge na minha mente.”
A meditação salva os meus dias. A busca pela atenção plena é um dos caminhos mais bonitos que descobri nessa jornada que há alguns anos decidi empreender em busca de paz. No meio da confusão, eu às vezes encontro o equilíbrio. Não esvazio a mente, nem paro de pensar. Apenas solto os pensamentos, que surgem em turbilhões a cada vez que me sento. E nada é mais pacificador do que esse silêncio. Ao me levantar, descubro que o atendimento com que eu me preocupava já tinha sido marcado, entendo o tamanho que tenho e o alcance possível dos meus engajamentos no que quer que seja e acho que aquela camiseta de alcinha está bem ok para gravar o vídeo para o Instagram.
Quando a gente encontra um lugar silencioso para descansar, imóveis, todos os movimentos e as palavras que se seguem são mais suaves. O que aprendo, pouco a pouco, é que não há momento nem circunstâncias ideais. O que existe somos nós, aqui e agora, nas condições que temos neste instante. O barulho pode demorar a cessar. Pode não cessar. E a gente, então, aprende a silenciar com o barulho mesmo.
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Muito bom!