No meio do caminho, havia um ‘não’. Havia um ‘não’ bem no meio do caminho. Topei com ele. E agora? Quis chutá-lo, empurrá-lo, excluí-lo.
O que fazer com esse ‘não’ tão imponente, que interrompia meus planos e desafiava a minha vontade?
Qual era a desse ‘não’ atrevido que ousou perturbar minha certeza e debochar das minhas convicções?
Mexi com ele. Insisti. O ‘não’ era pesado demais. Mais duro que uma pedra, mais firme que uma montanha.
Aquele ‘não’ obstruía meu caminho e eu precisava fazer alguma coisa. Tentei convencê-lo do contrário.
Ele foi irredutível. Não moveu nem o til. Tentei ludibriá-lo, enganá-lo, dissuadi-lo de ser tão ‘não’. Ele permaneceu o mesmo.
Que revolta! Como incomoda! Não entendo como um ‘não’ pode ser tão negativo.
Por último, me disfarcei. Ah, mas o ‘não’ é esperto. Tratou de criar raízes. Não saiu do lugar.
Munida de raiva, não havia nada que eu pudesse fazer a respeito. Aquele ‘não’ estava decidido. Negativíssimo. Tinha ao seu lado a negativa e vinha rodeado pela negação.
Curiosa, pedi para olhar atrás dele. O que aquele ‘não’ guardava de tão precioso? Por que era tão seguro, convicto, certo de seu indeferimento?
E foi aí que descobri que atrás do ‘não’ morava a paz.
Amei esse texto! Lindamente escrito!