Daniela Piroli Cabral
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(texto original publicado em 06 de maio de 2020, já tem mais de dois anos que Irani, Jaci e Darci se incorporaram à rotina da casa, reduzindo cerca de 50% do nosso lixo doméstico e gerando biofertilizantes que são usados para adubar plantas e hortas)
Irani, Jaci e Darci são meus novos hóspedes, chegaram na semana passada. São os mais recentes pets que vieram se juntar à golden Lola, a spitz Liz, às coridoras brancas Rebecca e Clarice, ao Uacari, vulgo “Cascudão”, e ao cardume de neons: Splash Queen, Boss Queen, Cosmic Queen, Glitter Queen, Crystal Queen, Sugar Queen, Queen Bee, Treasure, Precious e Diva.
Irani, Jaci e Darci são seres anelídeos, detritívoros; minhocas californianas vermelhas que habitarão minha nova composteira doméstica com o nobre objetivo de tornar a casa sustentável. Daqui a algum tempo teremos húmus e chorume, um biofertilizante potente, resultado da decomposição dos resíduos domésticos.
Elas chegaram pelo correio, junto com as caixas de compostagem encomendadas pela internet. Quando o porteiro interfonou, fui imediatamente buscá-las para verificar a integridade “da mercadoria”.
Irani, Jaci e Darci vieram dentro de um pacotinho de tecido TNT amarelo, misturadas a um punhado de terra, o substrato. Elas estavam paradas, pouco se mexiam. O manual era claro: as minhocas chegam estressadas e desidratadas da longa viagem, é preciso muito cuidado. Armar as caixas digestoras na ordem correta, fazer uma “caminha” de terra para recebê-las, e depositar o substrato e as minhocas em um dos cantos da caixa superior. Logo em seguida, deve-se umedecer a terra (mas não encharcar!!!) e colocar somente um pouco de alimento no canto oposto. Eu coloquei cascas de bananas que já estavam separadas para este fim.
Agora é ir depositando, pouco a pouco, os resíduos orgânicos (essencialmente cascas de frutas e legumes, farelo de pão, pó de café) e esperar que o sistema entre em equilíbrio, o que deve acontecer daqui a um mês.
Até lá, Irani, Jaci e Darci terão se reproduzido usando seus brilhantes clitelos e formarão uma grande colônia de Iracis, Juranis, Ivanis e Guaracis, trabalhando ativamente no sistema que dará conta da imensa quantidade de restos domésticos produzidos em uma casa funcionando 24×7 em termos de refeições.
A minha empolgação com a chegada das minhocas foi tanta que rendeu uma estranha conversa de whatsapp com uma querida amiga que me escreveu:
– Oi, Dani, tudo bem aí?
– Tudo bem, amiga. Cada dia de um jeito, né? Meu humor está meio oscilante, devo confessar. Comprei uma composteira doméstica que chegou hoje. Em breve teremos adubo orgânico. E vcs?
E ela respondeu:
– Igual aqui. Depois você me ensina a mexer.
Eu, surpresa com essa enorme “coincidência” de que minha amiga estava também aproveitando a quarentena para fazer uma compostagem doméstica, gravei-lhe um longo áudio exibindo todos os meus recentes conhecimentos:
“A composteira deve ficar em lugar longe do sol e da chuva. Os resíduos de alimentos devem ser colocados na caixa de compostagem picados em partes bem pequenas, pois isso facilita a decomposição. O sistema não pode ficar muito úmido senão as minhocas morrem “afogadas”, já que elas respiram pela pele. Cuidado quando colocar restos de melancia. Também não pode colocar alimentos muito ácidos, como cebola e alho, nem cítricos, como limão e laranja, porque alteram o “ph” do sistema. Elas não gostam, são muito sensíveis. Tome cuidado.”
E ela, responde em seguida:
– “Aqui igual” de sentimentos, Dani. Mas valeu pelas informações. Se me aventurar, as utilizarei.