“Meu amor,
deixe eu chorar até cansar
Me leve pra qualquer lugar
Aonde Deus possa me ouvir”
O Sol ainda está em Câncer e a minha playlist só tem Vander Lee, recordando a doçura de tempos atrás. Minha amiga Carol Leão, astróloga que lê as almas das pessoas nas entrelinhas do universo, me explica que Câncer é muita memória. E eu fico torcendo para que essa tristeza do presente se dissipe com a entrada do Sol em Leão nesse próximo sábado. Porque choradeira e nostalgia aqui no meu entorno é mato, viu?
O que a gente vê nos jornais é ódio brotando aos borbotões. Mas o que a gente sente nas conversas é tristeza e desalento. Sensação de que o povo relaxou com a Covid, tirou as máscaras do rosto – eu acho precoce mas, nesse caso, nem vou entrar no mérito –, voltou a frequentar os bares e os eventos, mas nem a maquiagem das moças bonitas, circulando pelas feiras e pelos bares, esconde uma melancolia que a gente sente no ar, na pele e na energia densa dos espaços onde antes as pessoas pareciam se divertir.
Na semana passada, eu fui ver o filme do Elvis, que estreou na quinta-feira. Devo confessar-lhes que mora em mim uma Cecília, aquela personagem que Mia Farrow interpreta no filme A Rosa Púrpura do Cairo, de Woody Allen. O cinema é meu refúgio. Às vezes até mais que a música. De modo que eu fugi numa tarde sem atendimentos para ver o Elvis rebolar na telona. Fui me refugiar no rebolado do Rei do Rock. Eu até gosto de Anita, mas a coreografia dos anos 2020 em nada se compara ao requebrado possuído de um tempo em que eu ainda nem tinha nascido. Deve ser o Sol em Câncer, não é Carol? Só pode ser o Sol em Câncer para me fazer ter saudade até do que eu não vivi.
Mas a tristeza que vi nos olhos das pessoas durante uma feira mística onde trabalhei neste fim de semana, fazendo atendimentos de Reiki, já não tenho certeza de poder creditar aos astros. Embora continue nutrindo a esperança de que um Leão histriônico nos traga alegria e muito sol. A tristeza me parecia um pouco mais antiga, refletindo dores que vêm se acumulando e não sabem direito por onde escoar.
“Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
Morar no interior do meu interior
Pra entender por que se agridem
Se empurram pro abismo
Se debatem, se combatem sem saber”
A doçura de Vander Lee anda fazendo uma falta danada…
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Quanta melancolia, ainda mais com Wanderli rondando por aqui! Penso que estamos na escaces. Escassez de coração, escassez de melodias escassez de esperança! É assim!