A Frequência relativa dos sentimentos

Raniere Sabará

Trocar a pele e sair dos espaços que não te cabem mais, as vezes, necessita de uma atenção muito maior que se possa imaginar.

Nosso corpo se consome de infinitos sentimentos. Dentre todos esses sentimentos, aqueles que queremos deixar guardado numa caixinha que não há como se mover, são os que aparecem com maior frequência. Medo. Insegurança. Angustia. Raiva.

É difícil falar sobre eles… Pensando bem, é necessário falar sobre eles. Gostaríamos que nosso imaginário fosse movido apenas dos sentimentos mais singelos na decisão de mudar. Mas não há como mudar as razões do coração que as próprias razões desconhecem.

Vivemos vigiados a cada esquina sob o olhar do outro e a raiva, tomada como exemplo, se torna sinônimo de loucura. Loucura seria se eu negasse meu desejo. Sim, seria. Seria se não fizesse desses sentimentos meu corpo e canção. Loucura seria não ser. Estar. Sentir. Pertencer a um outro lado que também habita em mim. Transformar a tristeza em caminhos despretensiosos de acolhimento.

Nessa sociedade de consumo, cria-se porções mágicas com a receita da felicidade. De fato, cria-se receitas que possam gerar mais-valor. Felicidade em forma de produção. Negação. Dinheiro. Matéria.

Ah, meu caro… bom seria se assim a vida fosse. Não existe receita que se vende. Somos somente um que se fazemos únicos por si só. Sentimos e pertencemos em pequenos espaços que são inabituais. E não se engane não… É dali que nasce a força da transformação.

E cabe a nós escolher: Gozar com a face mais profunda que constitui nosso ser e a acolher, ou, guardar esses sentimentos na caixinha do coração que a qualquer momento pode se abrir?

Às vezes, é necessário abraçar e escutar nossa essência feminina para germinar o portal da emancipação.

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