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Uma mulher que dentro do seu corpo não se cala

O meu coração sequer percebeu que aquela ausência já havia durado o bastante, apesar das lembranças me aconselharem a seguir. Um calor escaldante costumava falar com a distância de igual pra igual. E isso as vezes era engraçado.

Era tudo muito inacabado. Não só pelo espaço em branco que ainda poderia ser escrito, mas pela pressa de não perder de vista todas aquelas delícias que me davam água na boca.

Os meus desejos aprendendo a se entregar, a alegria do seu corpo entendendo o meu suor e o carisma que vinha da minha silhueta quando sentia as suas mãos.

Havia uma dedicação dos meus lábios com o seu prazer, fazendo com que tórridas gargalhadas surgissem, no exato momento em que os nossos olhares seguiam a sua própria história.

Um dicionário de confissões eufóricas se sentiam em casa, deixando todos os pudores para o dia seguinte, e transformavam arrepios num destino que não acaba nunca.

Arrepios esses que vinham de você na tentativa de se perder em mim.

A minha face corada quando se dizia de amor e as experiências das minhas coxas faziam graça quando você descansava em meu colo. Era um novo movimento que me fazia acreditar em horizontes impossíveis.

Confiei nas estrelas que restaram e que, soturnas, me faziam companhia, sem me preocupar quando elas eram sonhos e nem o quanto elas sabiam da minha história. Porém, vislumbrei a saudade como um encontro marcado.

E nos meus “quem me dera” ouço os seus passos e deixo de ser apenas uma palavra escrita.

Nesse instante, sou a mulher que, dentro do seu corpo, não se cala.

*
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