Custei conseguir distinguir tristeza de depressão. Para isso, não me ocupei em buscar literatura sobre os temas, mas sim deixar que a maturação de ambas me mostrassem os caminhos. A deprê, que chega sem avisar e causa definida, depois de experimentar em duas ocasiões, acredito que consegui vencer. Até acho que consegui derrubar, como se nocauteasse, já que faz algum tempo que ela não me perturba. Acredito apenas, sem desafiar, vai que ela reage e resolve a (re)mostrar suas garras. Sai de mim!
Quanto à tristeza, que anda colada com a melancolia, deixou de me incomodar. Quando mais jovem, não foram poucas vezes, que o fim de uma relação de namorico – me apaixonava fácil – me derrubava. Acreditava até que fosse depressão, com o tempo e a tristeza tem cura, passei a conviver com o lado bom dessa situação. No caso das namoradas, eu me entregava tanto, que – via de regra – sufocava a outra parte e recebia o devido aviso – que não era prévio – pra voltar pra casa.
Acho que foi isso que me deixou arisco nas relações afetivas. Sigo, quase aos 65 anos – já quase andando de graça nos ônibus – vivendo sozinho. E, bem ou mal, percebo que não consigo dividir o espaço doméstico. Poderia parecer, viver sozinho, a porta de entrada para esse sentimento de tristeza. Condenado ao isolamento, muitos acreditam que sugere melancolia e até depressão. Não penso. Cada um é cada um, tenho uma vida social muito intensa. Até na pandemia, aí graças às nefastas – que me salvaram – redes sociais.
É bem verdade que meus tempos de terapia e busca do auto-conhecimento foram e continuam sendo fundamentais para esse conforto que consegui alcançar. Minha última terapeuta, hoje é uma das grandes e gratas amigas de vida, sempre presente em aflições – minhas e dela – que conversamos numa prosa de cafeteria. Depois que consegui vencer o álcool – já se vão mais de 20 anos – as cafeterias assumiram o lugar dos bares, botecos e restaurantes.
Enfim, vez por outra – tendo ou não causa – vivo o efeito da tristeza e da melancolia. Nas últimas semanas, tenho andano de mãos dadas com ela, mas sem me entregar ou perder esperança e energia. Aprendi que nos momentos de angustia, por mais pesados que sejam, esse desconforto passa. A duração é indeterminada, mas não é definitiva. Da mesma maneira, quando vivo alguma situação que me sugere até uma euforia, consigo me conter, pois – igualmente – também vai passar.
Não me julgo e tampouco me acho qualificado para defender alguma teoria ou tese neste sentido, nem qualificação profissional ou pesquisa tenho. Trago aqui apenas um relato de experiência de vida. Nessas décadas de existência, depois de ter vivido uma juventude e até parte da vida adulta carregada de muita emoção e exposição, em tempos recentes estou adorando o escondimento. Em que pese participar de redes sociais, assinar este espaço e outro relacionado ao meu time do coração.
A tristeza já não me faz mal, ao contrário, me traz benefícios que são bastante aproveitados quando é o momento da alegria.
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Quem cultiva amizades
dentro do seu coração
pode morrer de saudades,
mas nunca de solidão.
Da Cruz Coutinho
As tristezas não me tocam,
as crises? Busco vencê-las;
quando os planetas se chocam
do choque nascem estrelas.
Da Cruz Coutinho
Adorei!