A Rússia declarou guerra contra a Ucrânia e vejo pessoas “cancelando” a vodca, o estrogonofe e até Dostoievski. Não obstante estarem os dois últimos entre as coisas que mais aprecio na vida, fico me perguntando sobre o significado de tais ações nessa conjuntura.
A princípio, me soam de um cinismo enorme, começando pela existência de problemas graves que temos perto de nós para resolver e que poucas vezes fazemos algo – ainda que gestos superficiais – a respeito. Como se o nosso próprio país, o Brasil, não vivesse em guerra permanente contra os negros e pobres.
Por outro lado, quase acho engraçada a notícia, recordando da moça que, num ato de impacto semelhante, divulgou ter pintado uma única unha de branco (a do dedo anelar) “pela paz”.
Enfim, chego a ficar irada, já que cancelar Dostoiesvski em qualquer tempo é assumir um imediato suicídio cultural privando a si e aos outros de uma das maiores belezas já criadas na humanidade.
A meu ver e a despeito de toda a aberração que a guerra representa, a Rússia é o bode expiatório da vez. É como o colega que sempre foi olhado de esguelha e que cometeu o erro necessário para receber a retaliação que sempre se quer dar a alguém. Contra aquele rico e popular, um tanto quanto semelhantemente vacilão (e invasor), ninguém tem coragem de fazer cEleUmA…
Hambúrgueres e hot dogs estão por aí aos montes.
Se queremos protestar contra a guerra na Rússia, minha sugestão é que tratemos bem o nosso vizinho. Que exercitemos o diálogo e a tolerância na convenção do nosso prédio. E que ajudemos alguém necessitado ao nosso lado.
O resto é apenas infantilidade ou xenofobia.
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Arrasou, Tata!
Isso ai.... Gostei muito