A Quimera

Reprodução/Pixabay

Lendo um livro de ficção científica, me deparei com a seguinte trama.

Um grupo de astronautas está a bordo de uma espaçonave de pesquisa, quando um dos membros da tripulação começa a se sentir mal. Os sintomas evoluem até a morte, e o corpo do tripulante rapidamente se decompõe em uma massa de gosma, que acaba vazando para outros compartimentos da nave, feito merda no ventilador.

Uma astronauta, que é médica de voo, resolve analisar no microscópio uma porção de gosma que conseguiu capturar em meio à ausência de gravidade. Para a sua surpresa — assim como do restante da tripulação, da Nasa e da Casa Branca — a gosma era bem mais que uma simples gosma, já que guardava organismos multicelulares nela.

Ovos.

Enquanto isso, a Casa Branca analisa, secretamente, o material genético dos restos mortais do astronauta contaminado, que foi transladado de volta para a Terra em uma arriscada missão de resgate.

Os cientistas do governo então descobrem o pior. Os ovos são bem mais que simples ovos, já que são ovos de uma Quimera — organismo composto pelo DNA de algas, rãs, ratos e… seres humanos.

Como isso seria possível? Algas, rãs e ratos estavam a bordo da espaçonave de pesquisa, que transporta culturas celulares de diferentes seres vivos para o espaço, com a finalidade de se analisar o desenvolvimento celular em condições extremas, como gravidade zero.

Considerando que um rato morreu após ter contato com a cultura celular de algas, que serve de alimentos às rãs e que, por sua vez, foi inalada pelo astronauta que adoeceu, a Casa Branca viu nesse novo organismo uma ameaça à humanidade.

Ora essa, um novo ser capaz de inserir na sua própria sequência genética caraterísticas de todos os organismos vivos de que se aproxima não é nada mais senão uma Quimera com alta capacidade de adaptação e, por conseguinte, destruição.

E qual a relevância dessa história maluca? Nenhuma. A não ser pelo fato de que, em outubro de 2022, iremos votar em uma Quimera, que, desta vez, assumirá a forma de um bom velhinho — até nos devorar mais uma vez.

Livro “A gravidade”, de Tess Gerritsen (Reprodução/Arquivo Pessoal)

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