Desde sábado, muitos entre nós passamos horas grudados na televisão (sou confessa e assumidamente resistente em assistir qualquer das emissoras), rádios e redes sociais em busca de entender melhor essa catástrofe que se abateu sobre Minas Gerais. Comigo começou cedo com a interrupção da BR 262, que liga Belo Horizonte à minha doce e querida Araxá.
Logo depois, com o transbordamento da água sobre a 040 – nas proximidades do Alphaville – minha adrenalina e tensão aumentaram ainda mais que com o primeiro choque do dia. Entre mandar mensagens a amigos que poderiam, eventualmente, estar nesses trechos, fazia orações e enviava boas energias para que não vivêssemos outra tragédia daquelas horríveis de janeiro em janeiro.
Até que, me deixando atordoado, chega a informação da queda da rocha em Capitólio. A partir desse momento, e até agora, assumo que passei e acredito que quase todos entre nós, vivendo momentos de tensão e horror. As informações acerca desses três casos, se misturam a outras novas ocorrências de transbordamentos, deslizamentos, e consequentes interdições de estradas por todo o território mineiro.
A dor inimaginável das famílias que perderam pessoas queridas nesse desastre, colocam muitos questionamentos, dúvidas e nos trazem a uma profunda e dolorosa reflexão. A natureza, conforme já lemos e assistimos em vários documentários, está reagindo à ganância sem fim do interesse econômico do homem. São espécies de animais e vegetais sendo extintos com a poluição do ar, solo e da água.
Nessas dezenas, quase uma centena de eventos, caracterizados não como caricatura, e sim, ao pé da letra, como uma revolta do universo que Deus criou e confiou para a ação humana, que correntemente segue destruindo e matando o ambiente e pessoas em busca de poderio financeiro e político. As anteriores não serviram de alerta, seria agora que vai provocar esse repensar entre nós mortais, a seguir e entender que precisamos deixar um bom legado às futuras gerações.
Confesso que já não acredito. Desde sábado, ao que estamos acompanhando, é ação disso e daquilo para evitar futuras tragédias. Aí aparecem os professores de Deus, apresentando – não soluções –, acusações de omissão desse ou daquele governo. Quando sabemos que a culpa e a responsabilidade é de todos, do presente e do passado.
Não raro e, esse episódio expõe ainda mais, o oportunismo de quem tem a clara e nítida intenção em usar de mais uma tragédia triste como discurso antecipado de campanha eleitoral. De gente que se vale da desgraça alheia para amealhar e aferir ganho às pregações de seu grupo e interesses que em nada contribuem para minorar a dor das famílias das vítimas e tampouco apresentaram soluções quando tiveram oportunidade de executar o que agora cobram com tanta e falsa galhardia.
O que fica a muitos com os quais conversei, que os lados antagônicos, ao contrário daquilo que seria saudável, não buscam soluções e sim a troca de acusações que tem como único interesse a sede de poder. Não bastasse essa desgraça que se abateu sobre o Brasil desde os tempos da conspiração conservadora da imprensa nacional, agora – açodadamente – inúteis que posam de revolucionários anteveem com ataques que nem seus líderes se arriscam a tamanha insensatez e oportunismo. A hora é de solidariedade, mas seria pedir muito a quem já viveu bastante e não deixa de ser ninfetinha de palanque.
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