Sandra Belchiolina
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Provavelmente esse verão de 2021/2022 seja o maior paradoxo que a Bahia viveu nos últimos anos. O esperado veraneio desse ano veio carregado de muita chuva e suas consequências. Vamos combinar que a fala do tal ministro de “deixar passar a boiada” não está dando certo. Já vivemos as sequelas de barragens construídas sem licenciamento, da falta de matas ciliares que absorvem o derramamento dos rios e inundando regiões. As mesmas foram devastadas sem a consciência de que fazem falta na manutenção do leito do rio. Já sofremos com os danos ambientais que tornaram mais velozes com a evolução tecnológica. Se, anos atrás, víamos as tragédias acontecendo nos morros dos grandes centros, atualmente as vemos em regiões nobres. As tempestades estão em várias partes do Brasil. Haja vista o transportamento da barragem de Santa Lúcia em Belo Horizonte que causou grandes prejuízos na zona sul da cidade há dois anos. A Avenida Prudente de Morais virou enxurrada que levou os pertences do morador de rua a carros luxuosos. Independente da cor, raça, situação econômica, todos e de forma igualitária recebem o retorno da natureza. Caso ainda não tenha entendido seu recado, o que ocorre no mundo e as emergências ambientais… Acorde!
Fala repetitiva? O que se faz para esse apelo veja escutado?
Então, volto ao paradoxo na Bahia. Acordei hoje, desde Minas Gerais, com as imagens do sol da querida Cumuruxatiba, essas vindas pelos vídeos de amigos locais. A seguir, em outro grupo de agentes de viagens, o mesmo sol estava banhando os turistas em Porto Seguro. E as praias vibrantes!
E é isso mesmo! Esse Sol que ilumina e dá luz tem de ser comemorado!
Andando nas ruas de Cumuruxatiba, após o Ciclone Extratropical passar por nossa vila, há poucos dias, vejo ao longe um cestinho com algo dentro. Fui aproximando e pensando em algo que havia sido descartado. Aproximando, percebo que há duas mangas e um plástico na sua alça. Olhei o cesto por alguns minutos, para um lado e para o outro da rua e somente após alguns minutos pude entender que era uma doação. As centenas ou milhares de mangueiras que habitam Cumuru ficam carregadas de seus frutos em dezembro, e, é muita fartura.
A ideia da cestinha na calçada é genial, de doação e principalmente mostra a visão integral de quem doou. A mangueira é uma árvore generosa e sua natureza é de oferecer muitos frutos. Por que não compartilhá-los? Se já tenho o suficiente e outra pessoa que passa pode querer uma fruta ou mesmo precisar dela para matar a fome.
São pequenos/grandes gestos que enchem nosso coração de esperança de saberemos compartilhar nossos espaços coletivos e sermos gentis. Eu quis agradecer o presente que recebi, não soube em qual casa bater. Então, resolvi escrever um texto de final de ano com o desejo de que gentileza gere gentileza.
Que tal começarmos a cuidar da natureza?
Ela é gentil conosco, mas sabe ser carrasca quando construímos e desmatamos de forma inadequada e conforme a própria lei que a rege ela se manifestará.
Se o homem quis, em algum momento, domar a natureza, creio que mesmo a ciência já aceitou que não é bem assim…
FELIZ 2022 PARA TODOS NÓS!!!