Cresci sendo educado para ter medo do ano 2000 porque dele não passaríamos. Passamos e meu o medo seguinte foi uma terceira guerra com armas nucleares que acabariam com o mundo. Ela não veio, mas chegando aos setenta anos de idade me deparo com um vírus de origem ainda discutida e com uma capacidade de destruição que supera tudo que imaginamos ao longo da vida.
Em menos de dois anos ele matou mais de 600 mil e contagiou dezenas de milhões de pessoas só no Brasil, além de conseguir confrontar a inabilidade e deficiência política do nosso presidente, governadores e prefeitos, protegidos ou envolvidos por milhares de parlamentares de conveniência, além de torcidas e gangues que discursam democracia e praticam outra coisa bem diferente.
Quando isto vai terminar e com quais números ficará marcada a nossa história? O que vai sobrar e qual será a realidade da volta à normalidade?
Difícil prever o breve futuro, mas é a oportunidade única para nos reinventarmos como pessoas, como cidadãos, como seres humanos. Se a gente não sair melhor dessa, teria valido a pena não estar entre as milhares de vítimas fatais, muitas pelas condições de doenças favoráveis ao vírus e outras tantas porque não entenderam a necessidade de mudança de comportamento para enfrentá-lo? Depois dele não virá outro? Ele mesmo não poderá voltar? Uma futura guerra nuclear está descartada?
Independente das respostas, uma pergunta que não pode calar neste momento é como estaremos no pós pandemia? Continuaremos os mesmos, piores ou melhores? A oportunidade e o aprendizado mostram nossa fraqueza e apontam que é hora da gente se reinventar para melhor, mais tolerantes, mais irmãos, com menos preconceitos e apontando os dedos mais para o espelho do que para os outros. Podemos tirar bom proveito deste momento que mudou as relações entre as pessoas para renascermos mais humanos. Quem se habilita?
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