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A vida em mandala

Daniela Mata Machado

“O planeta não precisa de mais pessoas bem-sucedidas, o planeta precisa desesperadamente de mais pacificadores, curadores, restauradores, contadores de histórias e amantes de todos os tipos.”
DALAI LAMA

O mundo geralmente se organiza em bolhas, mas é nas mandalas que ele floresce. Penso que não há felicidade possível dentro das bolhas onde a gente teima em permanecer para jamais precisar suportar o encontro com o outro, o diferente, o que não pensa igual, o que não viveu as mesmas experiências, o que não enxerga o mundo sob a mesma lente que nós. Dentro das bolhas, a gente finge que se protege, mas invariavelmente encontra a extinção ou o colapso daquela bolha e acaba se pegando novamente em desespero, à procura de uma nova bolha quentinha para se alojar e se esconder do mundo que pulsa do lado de fora, alheio aos anseios de todas as bolhas.

As mandalas permitem que as bolhas se toquem, se entrelacem e, eventualmente, se dissolvam. Permitem o convívio das diferenças. Dos que pensam diferente. Dos que talvez não queiram o mesmo que nós. Dos que não creem nas nossas mesmas crenças. E, no entanto, vivem e sustentam este mesmo planetinha que todos habitamos.

Não há muito conforto na mandala. Ao menos, não à primeira vista. Ela comporta divergências e não é muito cômodo lidar com isso. Passado algum tempo, no entanto, as pessoas sentem-se inteiramente à vontade com a ideia de uma roda que cabe todos os olhares – sob todas as lentes –, que cabe jeitos distintos de agir e de sentir, que inclui os sonhos individuais nos grandes sonhos coletivos.

Há problemas pequenos, médios, grandes e enormes nas bolhas e nas mandalas. Pode ser que não existam além das mandalas, mas ainda não conheço esse lugar (ou não-lugar). Permitir que as diferentes bolhas integrem um mesmo grande círculo me parece um caminho interessante. As conversas em roda, as ideias divergentes, os momentos em que cada um decide ceder um pouco para que alguma coisa, de repente, ande: não há nada de muito grandioso nessas pequenas rodas que se formam em alguns cantos. Mas há pequenas mudanças, pequenas curas, pequenas conquistas de paz. Beija-flor levando água no bico para apagar o incêndio na floresta… Quem sabe alguém gosta da ideia e eles começam a se multiplicar por aí?

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