Guilherme Scarpellini
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Eu sempre quis ter um gato preto, e minha namorada nunca aceitou. Então buscamos resolver o problema da melhor forma possível, como dois adultos equilibrados.

O gato preto chega na próxima semana para me fazer companhia, já que o relacionamento acabou. Ele se chamará Poe, em homenagem ao autor americano Edgard Allan Poe.

Edgar Allan Poe, como se sabe, escreveu o sombrio conto “O gato preto”, publicado, pela primeira vez, em 1843, na bicentenária revista “The Saturday Evening Post”.

Nele, o protagonista narra, em primeira pessoa, a sua escalada à loucura. Certa feita, bêbado de gim, o homem arrancou um olho do gato preto com um canivete. Depois, inconformado com aquela órbita vazia, tratou de enforcar o felino. Não satisfeito, tentou livrar-se do mesmo com uma machadinha, mas acabou acertando a cabeça da esposa, que caiu dura feito pau.

Isso nos revela que os gatos pretos, desde o século 19, vêm causando problemas conjugais. Naquela época até poderiam dizer que essas criaturas místicas eram bruxas disfarçadas, que traziam discórdia, mau agouro e infelicidade para os lares.

Hoje, já se sabe que é bem diferente. Os gatos pretos, além de bichinhos adoráveis, servem para denunciar onde já não há mais amor.

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Guilherme Scarpellini

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Tags: crônica

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