Saudade é uma palavra que existe somente em português e outras línguas encontram dificuldades de traduzi-la e dar um preciso significado. Aqui no Brasil a compreendemos como o “desejo de um bem do qual se está privado, ‘lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las.”¹
Essa palavra/sentimento é uma das causas para as celebrações no dia dos finados e sua perpetuação. A memória dos falecidos é revivida e assim as lembranças também. Mas, contudo, a morte é desde sempre um tabu para o ser humano. Ele cria muitas formas de apaziguar o fato de sua finitude. Desde os rituais primitivos, transformados em religiosos, com lembranças adequadas aos seus calendários, esse momento faz parte de nossa sociedade. Essa data para a religião católica é de 02 de novembro, um dia após a comemoração do dia de Todos os Santos. No México, o Dia dos Mortos é uma celebração de origem também indígena comemorada no mesmo dia. Lá, nesse momento as almas tem autorização para visitar seus parentes. Uma festividade que inclui até comidas e bebidas para honra-los e recebê-los.
A morte na tradição católica é uma passagem para o inferno, purgatório ou o paraíso, destino para onde o falecido vai em conformidade ao tipo de vida que levou na terra.
Para o espírita a pessoa retorna a vida para limpar seu carma até tornar-se luz.
Na tradição budista a pessoa tem nove consciências e quando morre, sete delas se vão e duas se tornam uma no renascimento em vida. As sete consciências que se vão são: cinco relacionadas aos órgãos dos sentidos – paladar, olfato, visão, audição e tato. A sexta consciência é a percepção que se dá com a união das cinco primeiras; a sétima é a consciência do “eu” do sujeito, eu sou… A oitava está relacionada à suas ações realizadas no mundo, o estado de vida em que existiu, o chamado carma. A nona consciência é a transcendental, chamada de Amala.
Para os ateus a morte é somente o fim de uma vida que se encerra ali.
De todas as explicações que se dão para a morte e o destino da pessoa após, o fato é que a saudade e a memória de entes queridos ficam e eles passam a habitar em nós.
Na semana passada, fui surpreendida com a pergunta de minha irmã referindo-se à ausência de nossa mãe: “será que a atrapalhamos com essa saudade doida?” E, a única resposta que consegui formular é que nossos mortos devem seguir em paz e isso está em todas as orientações religiosas. E, para os ateus, a ordem é que fiquem em paz com suas boas memórias e a saudade doida faça dessa falta uma memória afetiva de boas lembranças. Ou seja, uma boa saudade!
¹https://agazetadoacre.com/2014/05/artigos/luisa-lessa/o-mito-da-palavra-saudade/
Mário Sérgio Quando ainda criança, na minha montanhosa cidade, ouvimos uma estória curiosa sobre um…
Parte I Rosangela Maluf Nem sei mesmo porque me lembrei do João! Não falei nele,…
Tadeu Duarte tadeu.ufmg@gmail.com Finalmente transformado em réu pelo STF, a questão que se coloca é:…
Peter Rossi A vida nos propõe revanches, que costumamos chamar de resgates. São derrotas anteriores…
Taís Civitarese Agora, aos noventa anos, devo confessar um crime que cometi ao longo de…
Sandra Belchiolina “Existe um momento na vida de cada pessoa em que é possível sonhar…