Há algum tempo venho pesquisando sobre o fenômeno “bolsonarista” para entender como algumas pessoas – que eu imaginava serem minimamente informadas – passaram a compactuar com um discurso que se opõem aos próprios princípios (em alguns casos, claro). Dentre aos inúmeros argumentos e formas de pensar, foi-me apresentado um raciocínio extremamente intrigante (ao menos no meu mundinho) e cá estou eu para compartilhar com vocês.
Acredito que de alguma forma você, meu caro leitor, já participou, ouviu ou promoveu algum debate sobre a elitização do ensino no nosso país. Ou, então sobre como o sistema de educação, especificamente, é excludente. Porém, agora não falaremos sobre poder aquisitivo, mas sobre narrativa predominante – e isso não de acordo com às vozes da minha cabeça. Aparentemente, alguns ultraconservadores entendem que o ensino primário, médio e principalmente superior no Brasil é dominado pela esquerda.
Isso significa que nesta perspectiva há um entendimento que as leituras, materiais didáticos, professores, provas e debates são cerceados (doutrinados como muitos dizem) pelo campo político à esquerda do nosso país. Neste contexto, alguns agentes políticos (como a deputada Janaína Paschoal) alimentam a ideia que pessoas que não compactuam com esse “sistema” dentro das instituições de ensino, são colocadas à margem dos debates. Não só à margem, mas às vezes nem integram no debate. Considerando esse argumento como verdade (à título de análise), quero levantar dois pontos:
1. Se consideramos que essas pessoas “excluídas” são aquelas que ainda insistem em um revisionismo histórico sem fundamento – os que defendem o Nazismo como regime de esquerda; Ditadura Militar como um período estável e positivo; importância da coerção e da tortura para o controle social, etc – eu imagino que em alguns casos a exclusão do debate não acontece por uma discordância de posicionamento político, mas porque talvez seja difícil dialogar com quem (de antemão) possui posicionamentos indefensáveis, ou fora do campo democrático. Assim sendo, me faço pensar: estas pessoas – que se colocam muitas vezes como vítimas de um sistema doutrinador – estão de fato propondo uma discussão sobre como deve ser um saudável debate político, ou estão azucrinando os espaços com o ego ferido?
2. On the other hand não posso ignorar o fato que: NÃO ESTAMOS PREPARADOS PARA DEBATER COM O DIFERENTE. Ressalto que não estou pedindo você para aceitar, ou participar de “debates” daqueles que intercedem por regimes totalitários e idolatram torturadores – estes normalmente nem a fim de debate estão. Porém, peço que você reflita sobre sua tolerância com quem PENSA diferente. Ninguém sai perdendo em uma discussão com argumentos válidos e pautados na ciência, mesmo que seu “inimigo” defenda ideias liberais, comunistas, anarquistas ou de outro viés. Digo isso, porque com essas discussões infindáveis no Twitter, e às vezes até mesmo dentro da universidade, nós de fato excluímos o outro não porque o que ele diz não tem fundamento, mas porque ele não parte da mesma visão de mundo que nós. Desta forma, o debate fica pobre e as soluções deixam de ser diversas.
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