De uma certa maneira, somos todos estrangeiros.
Nosso país não é nosso, e sim
dos que estavam aqui antes de nós.
A língua que se fala aqui não fomos nós que criamos.
Quando chegamos, tivemos tudo a aprender.
O que acontece à nossa volta,
mesmo por perto,
mesmo em ambientes conhecidos,
pode ser muito estranho.
“Não se encaixar” é um sentimento
da maioria das pessoas que eu conheço.
Ainda assim, tentamos ser algo que se misture com o todo
Tentamos dissolver-nos, fundir-nos
Mesmo que isso seja impossível.
Não existe todo
Porque tudo é heterogêneo
Ainda que recoberto pela capa da mesmice.
Tudo é o outro
Estamos sempre a aprender seu idioma e seus costumes.
Sempre há ruas novas para se visitar,
Novos castelos para se explorar.
Nem sempre são férias,
Mas até o fim estaremos em viagem
O único país que nos pertence somos nós mesmos.
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