Estrangeiro

Tais Civitarese

De uma certa maneira, somos todos estrangeiros.

Nosso país não é nosso, e sim

dos que estavam aqui antes de nós.

A língua que se fala aqui não fomos nós que criamos.

Quando chegamos, tivemos tudo a aprender.

O que acontece à nossa volta,

mesmo por perto,

mesmo em ambientes conhecidos,

pode ser muito estranho.

“Não se encaixar” é um sentimento

da maioria das pessoas que eu conheço.

Ainda assim, tentamos ser algo que se misture com o todo

Tentamos dissolver-nos, fundir-nos

Mesmo que isso seja impossível.

Não existe todo

Porque tudo é heterogêneo

Ainda que recoberto pela capa da mesmice.

Tudo é o outro

Estamos sempre a aprender seu idioma e seus costumes.

Sempre há ruas novas para se visitar,

Novos castelos para se explorar.

Nem sempre são férias,

Mas até o fim estaremos em viagem

O único país que nos pertence somos nós  mesmos.

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