Quarenta – Foto: Tais Civitarese
Tais Civitarese

Ontem, fiz quarenta.
Ainda é estranha a sensação.
Dos trinta aos trinta e nove, foi tudo parecido.
Uma juventude tardia. Um leve ar de maturidade encobrindo medos adolescentes.
Agora, é diferente.
Quarenta anos parecem tanto tempo!
Onde foi que passei toda essa vida?
Quantas saudades carrego? Quantas rugas de riso?

E os sonhos?
Às vezes, e não são poucas, ainda me sinto com sete anos.
Noutras, com quinze, dezesseis.
Dos pensamentos e sensações que já tive, muitos foram levados pelo vento.
Outros permanecem intactos, sem qualquer erosão do tempo.
Todos esses caminhos me deram o agora. Todos eles.
Lembro quando meu pai fez quarenta e um anos e lhe desenhei um cartão com quarenta e uma estrelas. Agora, sou eu quem recebo desenhos dos meus filhos. Um deles diz que sou aquela que cola com fita adesiva seu coração partido. O outro me enche de corações sorridentes, cujos olhos também são corações.

Vejo isso e sinto que sim, cheguei bem a essa idade.

*

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