Ano de 2021; já se passou o 02 de fevereiro, dia em que é celebrada a festa de Iemanjá. Em 2020, ela virou patrimônio cultural de Salvador e assim foi marcando sua importância para o estado da Bahia. Nesse ano atípico, as comemorações foram restritas devido à pandemia, mas não sem lembranças. Lembranças que levam a outras lembranças de mulheres ao mar em lua cheia.
Primeiro falo de Iemanjá, que é padroeira dos pescadores. “Para as religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda, é ela quem decide o destino de todos aqueles que entram no mar.”¹
Reza a lenda que Iemanjá era filha de Olokun – soberano do mar. Certo dia, o pai ofertou-lhe uma porção para que ela usasse quando estivesse em perigo. Anos mais tarde, Iemanjá casa-se e têm dez filhos – os orixás. A maternidade deixou-lhe os seios muito grandes, o que era motivo de chacota pelo marido. Ela foge em busca da felicidade, pois ficava muito triste com as ironias.
Nessa procura, apaixona-se pelo Rei Okerê, que vem a ser seu novo marido. União feita após jura de que ele nunca caçoasse de seus seios. Mas ele esqueceu-se do trato, em certo dia de bebedeira. Novamente a Rainha do Mar põe-se em fuga. O rei a persegue na tentativa de desculpar-se, mas a Princesa de Aiocá (como também é chamada) utiliza a porção dada pelo pai e transforma-se num rio que irá desaguar no mar.
Não querendo perder a esposa, Okerê transforma-se numa montanha para impedi-la de chegar ao mar. Iemanjá recorre ao filho Xangô que parte a montanha ao meio com um raio. Na veia aberta Iemanjá segue seu curso e agora reina nas águas.
Sete mulheres vão ao mar certa noite de lua cheia. O caminho está dourado e a água morna do sul da Bahia/BR é a manifestação de Iemanjá iluminando-o. Desta vez, ela chegou parceira da lua, das águas e das mulheres. Era a presença feminina e a Terra se completando. Ela estava ali, com seus vastos seios, generosamente oferecendo um banho de harmonização para as convidadas. Risos, cantos, danças e o frescor das águas alimentavam as amizades, os projetos futuros; também na cumplicidade, o espetáculo da natureza se fazia presente.
Sete vidas e sete expectativas futuras, sete encontros e sete despedidas, momentos de decisões e determinações estavam ali sendo abençoados pelas águas de Janaína e a gigante lua dourada. Há momentos para relaxar, divertir e sentir a beleza do que está envolta. Seus afetos e memórias seguem dando força umas as outras.
Iemanjá deu luz para o destino das mulheres, afinal, momentos divinos são harmonizadores para vida e o caos as sua volta. Para elas foram momentos de fôlego para posteriormente seguirem suas jornadas. As sete mulheres respiraram e se nutriram no grande seio da Deusa do Mar.
Agora, desde as águas, Iemanjá manda um presente para você:
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¹https://www.significados.com.br/iemanja/
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