Pânico com a nova onda do Coronavírus

Foto: Ood Andersen/AFP
Eduardo de Ávila

Depois de tanta agonia – confinados em casa desde meados de março – começamos, há cerca de dois ou três meses, a ganhar as ruas. Ainda que lentamente, pudemos ir ao shopping (com horário definido até para o cafezinho), depois construindo confiança para expor e arriscar um tantinho a mais pela cidade.

Alguns inseguros, outros mais ousados, muitos ainda optando pelo distanciamento. Tenho um pouquinho de cada um desses três blocos. Inseguro, claro; ousado, com cuidado; distante de muita gente que queria abraçar. Nunca dei tanta cotovelada como cumprimento. Até acho que, na verdade, jamais havia cumprimentado nesse modelo que o vírus impôs a todo o mundo.

Pois que, em dias recentes, sonhando com a possibilidade da vacina – seja da China, da Rússia, do tio San ou da PQP – começo (começamos) a entrar em parafuso com a segunda onda dessa doença. Não consigo admitir uma nova temporada de isolamento (pra ser mais chique, lockdown) como vivi durante mais de cem dias. Sem sair de casa, ver a rua, gente, conversar, trocar figurinhas. Se não fosse a internet e suas ferramentas, que mais irritam do que trazem satisfação, esse isolamento teria causado muito mais depressão e danos do que tudo que experimentamos.

Agora que comecei a sonhar com meus três pedidos ao gênio – cafeteria, cinema e futebol – passei o último final de semana tenso e trancado dentro de casa. Parte, na verdade. Fui ao shopping comprar presentes que me dou todo novembro em parceria com minha irmandade. Mas de volta pra minha solidão, fiquei pensando quando é que vou poder usar essas compras. Sério! Imagina se essa segunda onda nos impõe outros tantos meses de confinamento.

Engordei como nunca, que valeu consulta médica e necessidade imediata de fisioterapeuta e academia. Fiquei ainda mais sedentário e, confesso, um tanto preguiçoso. Alongamentos que fazia em casa foram gradualmente deixados de lado, até que percebi esse sobrepeso. Fosse apenas isso, mas aliado ao desânimo e cansaço ao subir escadas ou morros. Triste. Por isso, iniciei a reação.

Pixabay

Agora estou ameaçado pelo risco de ter de viver nova clausura. Segunda; depois terceira e quantas ondas essa coisa ainda vai punir ao planeta, não sabemos. Por mais que médicos e cientistas – não me refiro a palpiteiros que defecam idiotices conspiratórias de qualquer uma das bandas extremas de interesse fora da ciência – já tenham melhores condições de avaliar e tratar da doença, ela ainda é uma ameaça que aterroriza a toda humanidade.

Pois bem, o meu cafezinho já foi liberado tem um bom tempo. Cinema, a partir dessa semana. Futebol, pelo que sinto, só depois que for de interesse da CBF e de seus clubes apadrinhados. E se essa onda chegar ao Brasil como está sendo na Europa, o que é bem provável, vamos perder todas essas conquistas recentes? O sinal vermelho já foi aceso no velho mundo. E cadê a vacina?

Juro, fosse o risco exclusivamente pessoal, me transformaria num insubordinado. Porém, como no caso de uma eventual vacinação em massa, o risco de transmissão obrigará à imunização e ao recolhimento. Quero dizer, colocaria minha sorte em risco, pois não sei se suporto outro período isolado do mundo. E sem café, cinema e futebol.

Pra fechar, quando à vacinação, esperança de todo o mundo, for liberada e aprovada, deve ser em massa sim. Não tem dessa de opção por questão ideológica. Trata-se de saúde pública. Imunização de rebanho exige vacinação de todas as pessoas, e – claro – doses testadas e aprovadas serão eficazes.

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