Bonecas Barbie ou revistas “Capricho” nos ensinam desde cedo que a beleza feminina é um estereótipo eurocêntrico, padronizado e inatingível.
Tais artifícios parecem rasos ou mesmo inofensivos, mas a mensagem subliminar está ali fortemente posta. E cresce conosco.
A magreza, o cabelo liso, a pele sem marcas, impecável. Ah, se houvesse tecnologia para modificar a cor dos olhos…
Tudo fica sumariamente registrado em algum lugar do imaginário feminino e há de se perseguir esse fantasma pela vida toda. A cada passo dado em sua direção, a ilusão do pertencimento. Do objetivo atingido. Ainda que sempre falte alguma coisa…
Após muitos anos de mito perseguido e uma quantidade considerável de esforço e dinheiro gastos, vem a lição – a quem estiver mais atenta. A beleza não está em se buscar a proporção áurea. A estética talvez. Beleza é outra coisa.
Não está em formas, formatos, cores e texturas. Pelo contrário. Quantas pessoas “áureas” encontram-se cheias de lixo por dentro. São vazias, apenas casca.
Conseguimos entender que beleza é algo sublime. Superior ao apego do palpável e do visível. Ela está mais para um conceito subjetivo, relacionado a aos sentimentos que temos diante de algo ou alguém.
Quão bonita é a pessoa boa. A pessoa gentil. A talentosa. A trabalheira. A que se desdobra, que mostra seu brilho em atitudes e valores. A artista. A generosa. E quão pequeno é seu formato diante disso tudo.
Quão bonita é a diversidade de cores e volumes que emolduram as pessoas. E como é bom libertar-se da ideia de pseudoperfeição que jamais abarcará quem quer que seja.
Parece óbvio tudo isso. Mas não é. Há todo um universo cultural alimentado pelo mercadológico que não conspira a nosso favor. Há muito lucro envolvido na busca incessante pelo inatingível. Busca essa que, astuta, se reveste de termos como “autocuidado”, “amor próprio”, “auto estima”.
Buscar o padrão de beleza imposto ou a harmonia das formas não é necessariamente cuidar-se. Muito menos, amor próprio. Pode ser exatamente o contrário. Pode ser um caminho sem volta rumo à destruição da sanidade mental e uma condenação à superficialidade eterna. Cuidar-se, por vezes, é apenas aceitar-se. E por fim, sentir-se livre.
Beleza é algo profundo que independe de qualquer procedimento. É algo cultivado com esforços de outra ordem. Muito mais com lapidação interna do que com lanternagem…
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Perfeito!!!