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Viva a diferença?!

Viva a diferença?! – Fonte: Pixabay
Daniela Piroli Cabral
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“Se bastasse amar, as coisas seriam muito simples. Quanto mais se ama, mais o absurdo se consolida.” (Albert Camus)

Camila e Antônio se conheceram na balada em um dia cinza, chuvoso. Comemoravam o aniversário de uma amiga em comum, Bia. E naquele dia houve uma paquera, daquelas das antigas mesmo. Se aproximaram, se cumprimentaram, trocaram algumas tímidas palavras e diversos olhares verdes ao longo da noite. Mas foi só isso. Despediram-se, à distância, com um suave e constrangido aceno de mão e um discreto baixar dos olhos. Era uma sexta-feira 13.

Mas era visível. O que acontecera ali foi um verdadeiro encontro. Daqueles potentes, transformadores. Inesperados e recíprocos, que quando acontecem colorem o mundo e o fazem girar mais lento. Foi inegável a irresistível atração de se aproximarem.

Antônio ligou para Camila no dia seguinte. Uma ligação! Sim, uma ligação telefônica em pleno ano de 2018. Era a mais pura demonstração de um interesse genuíno. Mas ela estava no banho e não atendeu. Retornou em seguida, não antes de adicionar aquele número aos contatos e verificar, no aplicativo de mensagens, se aquela ligação partira do telefone dele. Lá estava Antônio na foto de perfil, livre e risonho. Sim. Ela já pressentia que aquilo ia acontecer. 

Ficou insegura. Será que ele já tinha feito o mesmo? Salvado seu número e visto sua fotografia? Não. Será? Estava séria demais. Evidente demais. Loira demais. Parecendo velha demais. Pensou em trocar a imagem, mas a insegurança e a ansiedade ficariam mais evidentes caso ele já tivesse visto a sua fotografia original. Hesitou, mas decidiu deixar mesmo como estava.

Respirou fundo, verificou sua imagem no espelho e sorriu. 

– Alô? 

Putz. Quem mais fala alô nos tempos atuais?

– Oi. Antônio?! Você me ligou?

– Oi Camila. peguei seu número com a Bia. Ela disse que você gosta de comida japonesa. Eu também gosto muito e tenho reserva para o Bento hoje. Estou doido para conhecer lá. Você já foi? – Nem esperou a resposta e continuou:

– Daí fiquei pensando se você não queria ir comigo. Quer dizer, se você estiver disponível. Quer dizer, disponível não, solteira mesmo. Eu estou solteiro e gostei muito de te conhecer ontem, acho que a gente pode se conhecer melhor. 

– Ah, sim. Claro. Sempre vou com a Bia lá no Bento

– Mas você está disponível hoje? 

– Humm. Estou. Mas tem que chegar cedo. Você vai gostar. Tem um nirá maravilhoso. Um sunomono também.

– Então, como você quer fazer?

– Uai… Encontramos lá às 20h?

Antônio chegou primeiro, pontualmente. Camila mandou mensagem dizendo que iria atrasar uns 15 minutos, que ele esperasse. De propósito. Já estava pronta desde às sete. Vestido preto de fundo floral. Sandálias de salto. Batom vermelho. Perfume. Mas quis evitar o constrangimento de esperar sozinha na mesa do restaurante. Desceu do táxi e avistou Antônio assentado, ligeiramente tenso, numa mesa de canto.

– Oi. 

– Nossa, você está linda.

(Continua…)

*

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