“Criança é feita para brincar. Quando ela não brinca, ela não existe.”
(Laura Cabral – 28/06/19)
“Cuidem das nossas crianças.”
(Flávio Migliaccio – 04/05/20)
Minha criança favorita adora fazer aniversário e, no próximo domingo, ela completará as duas mãos cheias. Ela está ansiosa, contava os meses, agora conta os dias. Planeja o ritual: vai mergulhar no mar à meia-noite.
Estou orgulhosa, agradecida e emocionada ao perceber, numa breve retrospectiva, o tanto do infinito que cabe em uma década.
A minha criança favorita já existia mesmo antes de existir. De costas, sem mostrar o rosto, costumava frequentar meus sonhos do jeitinho que é: magra, longilínea, cabelos longos e lisos, partidos ao meio. Ela não veio com a minha cara, mas carrega o meu coração.
Minha criança favorita é a menina do cabelo amarelo, mas já foi “a menina da blusa”, já foi flor e pontinho vermelho feliz. Ela tem cheiro de brisa, odor que acalma e pacifica.
Ela é curiosa, ainda gosta de se fantasiar e de se transportar para outros mundos, de se vestir de princesa. Ela tem o olfato aguçado, sente cheiro “de coisa séria”, de “hotel” e de “Buenos Aires”. Com ela, não posso prometer se não for cumprir.
Minha criança favorita é uma mistura de bailarina filósofa e professora vaidosa. Ela tem uma mente lógica, perspicaz e também uma sensibilidade que necessita criar. Passa horas pintando, desenhando, colorindo e agora, deslizando seus dedos curtos nas teclas brancas e pretas do teclado.
Minha criança favorita usa biquíni, me superou, espero que continue assim. Ela guarda a sobremesa para depois e economiza sua mesada. No meu aniversário e no dia das mães, me presenteia com anéis e maquiagens. Sabe muito bem do meu gosto.
Minha criança favorita não resiste a milk-shake de morango e adora caminhar de mãos dadas comigo. Sei que tão logo não será mais assim, mas também não quero que isso mude. Ela é minha companhia de viagens e de vida.
A minha criança favorita adora se medir, deixando registrado na parede o seu crescimento. O último: um metro e quarenta e um. Gosta mais ainda de me ouvir dizer que está no “estirão”.
No último fim de semana, fomos comprar roupas novas para ela porque perdeu todo o guarda roupa no período da pandemia. E ela me revela:
– Mamãe, antes eu adorava comprar brinquedos, agora eu adoro comprar roupas.
Logo depois, assistindo juntas à série “Anne with an E” ela constata:
– Mamãe, a Marilla mudou muito depois que a Anne foi para lá, né?
E eu respondi, admirada com a profundidade e maturidade da observação dela:
– É filha. É isso o que as crianças fazem com a gente.
Referência:
– Anne with an E, série da Netflix. Ótima para maratonar com meninas de 9 a 12 anos e também para os adultos.
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