Após mamãe me pedir para sair, chegou a vez de eu dar parabéns ao meu pai pelos exames. Nesse caso, os de sangue. O jovem senhor está cuidando muito bem da própria saúde. Cortou a fritura, cumpriu o isolamento social, tem feito caminhadas e, ao “tirar” a pressão, ela não se retirou da zona de segurança. Está doze por oito, dobradinha que soa como música para um par de ouvidos atentos.
Procuro saber se ele está se alimentando bem, se anda lendo, ocupando a cabeça. Conversou com os amigos? Que beleza! Tem estudado? Faz muito bem. Só não exagere no vinho…
Virar pais de nossos pais parece ser um destino certeiro e, por que não dizer desejado, visto que é um privilégio poder fazê-lo.
Sempre que vou visitá-los, gosto de levar uma surpresinha, assim como eles traziam para mim vez ou outra ao voltarem do trabalho. Levo café, um queijo, uma broa, e relembro das paçocas e pirulitos que brotavam de seus bolsos nos mais valiosos dias da minha infância.
Papai se esquece de beber água. Mamãe toma muitos chás. Monitoro tudo de longe e às vezes preciso lembrar a papai de comer verduras, mamãe de não abandonar as proteínas. Os dois me perguntam tudo, se devem vacinar, se tal remédio está certo. Fico lisonjeada e ao mesmo tempo com medo de dar bola fora, de esquecer algum detalhe importante.
Por isso, recrutei um geriatra. Achei que mamãe, tão jovial, acharia estranho ir ao médico de idosos, mas pelo contrário. Ela ficou satisfeita, feliz da vida. Já papai, nove anos mais velho, relutou. Prefere a contemporaneidade de um “clínico”.
Meus dois queridos seguem parcialmente limitados nesse fim (?) de pandemia, mas preciso dizer que se comportaram muito bem. Adaptaram-se à nova rotina, compreenderam tudo sem muito choro ou rebeldia.
Sinto falta de lhes dar colo e tento fazê-lo através das palavras. O beijo à distância de boa noite é certeiro. Às vezes, lhes conto histórias bobas para distrai-los e espero, em breve, poder levá-los para passear novamente.
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