Quando coisas inexplicáveis acontecem, eu só penso que ainda não houve tempo suficiente para compreendê-las. Compreender, ainda que de um jeito inventado, nos ajuda a aceitar. Nem tudo faz sentido, mas algumas coisas se encaixam apenas longitudinalmente no caos da vida.
É certo que o acaso nos exige uma força sobrehumana para lidar com ele. Muitas vezes, não a temos. Porém, podemos encontrá-la em outras pessoas. E serão eles, ao nosso redor, que nos ajudarão a passar por tudo.
O tempo cura quase tudo, mas nem sempre temos tempo de esperá-lo passar. Nessas horas, meu remédio é me ater às boas lembranças e recordar que nenhum mal vem completamente maligno. Mesmo nas tragédias, podemos achar alguém que agiu de um jeito bom, uma fagulha de afeto, de amor, de esperança.
A vida nem sempre é bela mas ela sempre, sempre, sempre continua. E no seu continuar, permite coisas impossíveis. Permite que a beleza renasça.
O que tenho visto desde a enorme tristeza da perda de um colega tão jovem na última semana é formar-se uma corrente de união entre vários amigos que haviam se desgarrado há anos. Um compartilhamento de dores e também de recordações felizes e gestos para amenizar a saudade.
Isso por si só já traz alívio. Isso é a continuidade. É o próprio “lugar bom” para onde vão as pessoas queridas. Que essa potência possa consolar seus amigos e família e que as lembranças boas vivam e perdurem trazendo conforto.
Escrevo esse texto em homenagem a meu colega Henrique, e a seus amigos e família, a quem dedico carinho e respeito.
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Lindo texto, Tatá! Deus abençoe esse seu dom de traduzir as emoções humanas de forma tão encantadora e verdadeira. Amei a frase:
Nenhum mal vem completamente maligno. Amei todo o texto, na verdade. Na significação e na forma. Linda homenagem.