Em casa: a escola, o escritório e família. Como estão todos?

Foto: Pixabay
Sandra Belchiolina
sandra@arteyvida.com.br

Se o diálogo já era importante, agora, em tempos de pandemia, com todos disputando o mesmo lugar: lar-negócios-escolas, é caso de urgência. As famílias encontram-se num momento de aprendizado. Como conviver sem o fôlego de outros espaços e inclusão de diversas pessoas no entorno?

Os professores, avós, toda rede de cuidados e contato social ficaram a distância. Agora é hora de reforçar os vínculos de outras maneiras, e é isso o que está demandando outra posição dos sujeitos, sejam eles adultos ou crianças.

As experiências estão sendo diversas para aqueles que viram suas vidas limitadas ao espaço de seus lares. Elas são positivas e negativas, alternam ou estão pendendo para um dos lados conforme a convivência de seus membros, as adaptações dos espaços e remanejamento de horários.

Criatividade e muita conversa estão sendo necessárias para esse novo formato. Estamos no quinto mês de quarentena e ela seguirá por mais tempo. Assim, a adequação da rotina para não sobrecarregar os cuidados, hora de descanso e lazer é muito importante também. O equilíbrio mental e corporal nesses momentos de stress são ainda mais necessários para saúde integral das pessoas. A flexibilidade e compartilhamento de tarefas se mostram de grande valia, pois há muitas queixa de mães sobrecarregadas com as novas demandas desse lar multifuncional. 

Há casais que estão se reorganizados com a rotina do lar-trabalho-escola e a experiência é positiva. Não gastam tempo no trânsito, e a casa acolheu essas outras funções com tranquilidade. Há propostas de empresas para que o home-office permaneça, sendo muito bem aceito para esse grupo. Para outros o caos foi estabelecido: gritos, xingamentos, desatenção com as crianças, violência psicológica no espaço para realização das atividades. 

Para todos os lares o indicado é estabelecer uma rotina parecida com a anterior (se essa era boa para família). Ordenar os espaços e tempos para as atividades que devem contemplar o lazer e descanso.

As experiências infantis acompanham a movimentação dos adultos. Algumas estão bem e seguem seus desenvolvimentos harmoniosamente com suas presenças. E os mesmos relatam da alegria de verem seus filhos crescerem nesse convívio maior.

Fato é que as clínicas de psicologia e psicanálise estão com novas demandas das crianças. É importante pensar nelas como sujeito e não esconder o momento trágico que passamos. Falar abertamente sobre o vírus e sobre seus efeitos no ser humano; das pessoas mais sensíveis, explicar porque estão sem escola e sem sair de casa, sem ver os avós presencialmente. Escutar, abrir espaços para que falem e explicar de forma compreensível é essencial. Eles são pequenos, mas as “antenas” captam tudo que se passa ao seu redor.  

A criança desenvolve fantasias e tentam explicar questões como a vida e a morte. Diante do medo e angústia os pais não podem recuar e precisam incentivar o diálogo sobre esses pontos. Também, falar de seus próprios (de forma adequada).

Estimular as crianças a fazerem movimentos corporais, brincar, dançar, contar histórias, montar brinquedos e/ou recadinhos que podem ser enviados para coleguinhas de escola, conversar com avós sobre brincadeiras do “tempo deles” e reproduzir, são atividades que as mantém ativas e reforçam seus laços sociais. Desenhar é outra opção preciosa. Nela a criança representa de modo simbólico seus medos e angústias, o que possibilita o diálogo.

Vivemos um momento histórico, em que olhamos o passado para ter referência do que foi vivido; assim mantemos nossos laços sociais tão bem aceitos, principalmente agora, e, nos enlaçamos em memórias. Mas, é também importante olhar para o futuro; cuidar do mundo que iremos criar para nossas crianças e mantermos um diálogo aberto com elas é o que há de mais esperançoso no horizonte.

Assim, pergunto: como você está nesse processo histórico? E sua criança?

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Sandra Belchiolina

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