Eduardo de Ávila
As cores nacionais e da Seleção Brasileira, nos tempos recentes, serviram ao ódio que se instalou no país. As camisas que cobriam todo o território em épocas de Copa do Mundo viraram adereço no corpo de gente que levou o Brasil ao caos que estamos vivendo. A eleição desse asno para a presidência da República foi um retrocesso que levará décadas para ser recuperado.
Tanto nas questões de valores morais (que esse governo aético e genocida implantou), passando – neste momento – especialmente pela saúde pública, economia, e talvez a pior consequência desse radicalismo que é assistir a uma verdadeira guerra nas ruas das cidades. Em meio à simbologia desse atraso, a cor amarela e a camisa da CBF ganharam visibilidade.
Semana passada, conversando com pessoas de bem que se deixaram levar por essa onda e contribuíram para essa confusão, percebia tanto o arrependimento do papel que se prestaram quanto a abominação à amarelinha do penta campeonato. E foi de quem usou essa camisa durante alguns poucos anos nesse passado recente.
Nem fui eu, que confesso, desde que esses episódios que começaram em 2013, abdiquei desse uniforme. Como disse o memorável Mário de Castro, ex-jogador do meu time – o Galo – que convocado para a Seleção do Brasil, recusou, dizendo que só usava a camisa preta e branca listrada. Isso lá nos primórdios do futebol.
Cheguei, durante os últimos dias, até a pesquisar sobre a origem do verde, amarelo, azul e branco. Muito diferente do que a escola – nos anos de chumbo – ensinava. Existe divergência sobre o amarelo do ouro e das riquezas, o verde das matas e da rica floresta, o azul do céu e dos rios, as estrelas no céu e o branco da paz. Essa explicação tem muitas contestações de sua verdadeira raiz.
Lendo e interessando pelo tema, encontrei informações que contradizem a intenção que nos foi repassada no ensino básico e que carregamos ao longo dos tempos. O verde teria vindo da família real de Bragança. O amarelo seria a cor da casa da imperatriz Leopoldina, em Habsburgo (Áustria). Já o azul e o branco copiado da bandeira do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. As estrelas sim representam os estados da Federação e a expressão “Ordem e Progresso” – idealizada pelo filósofo Raimundo Teixeira Mendes – é uma mensagem positivista.
Em meio a essas contradições, frequentando movimentos contrários a essa tentativa de instalação do arbítrio, cheguei a uma quase conclusão. Mudar a bandeira não seria o caminho mais adequado, em que pese essa apropriação indébita dessa minoria conservadora. Gente paranoica, que desconhece a solução democrática e que abusa dos seus conceitos e preconceitos tentando impor uma falsa verdade e moralidade. Comumente conhecido como ganhar “no grito”.
Com tempo para devanear, situação que o necessário isolamento impôs a todos que querem continuar vivendo, após ler sobre esse histórico e por ser amante do futebol, conclui que a CBF deveria mudar a cor da camisa da seleção brasileira. Até mesmo o canarinho, que simboliza o amarelo, deveria ser deixado à margem. Pacifista que sou, imaginei o branco. Um uniforme todo branquinho, que já foi algumas vezes utilizado, simbolizando sim a paz que tanto necessitamos. De quebra, até uma pomba para assumir a condição de mascote dessa nova era que as ruas tanto pedem ao Brasil.
Pois, domingo, voltando de uma carreata que participei, mudei totalmente meu pensamento. Saí de casa pouquíssimas vezes nesses já 100 dias (completados ontem) que estou confinado. Farmácia, consultório; de um tempo pra cá, uma caminhada diária de 30 minutos (recomendação médica) e duas manifestações pelo receio de perder a democracia, duramente conquistada depois de quase trinta anos de regime autoritário.
Motivado pela ação de alguns energúmenos e xenófobos por minha participação nos dois eventos, acabei mudando de opinião. Teve um que me agrediu verbalmente com palavras inaudíveis ainda na concentração. Outro teria dito que soube que eu estava numa manifestação de esquerdistas, como se tivesse autoridade de policiar o meu pensar.
Chega a ser hilário, gente querendo patrulhar a gente. A propósito, nesta carreata, tinha pessoas de diferentes convicções, políticas e ideológicas, o que nos uniu foi o “Fora Bozo”. Isso sim de extrema e inconsequente direita. Teve mais gente ainda. Sigamos!
Se o amarelo, verde, azul e branco lá atrás tiveram outra origem que não aquela que a escola ensinou, dane-se, já carreguei essa bandeira e também usei a camisa brasileira muitas vezes. Quero agora é resgatar essas cores que não pertencem a essa gente que soma 10% a 15% de uma boiada seguindo o berrante e os berros de um sujeito desqualificado, ignorante, incapaz, genocida e que trabalha dia e noite junto aos seus amestrados zeros um, dois e três para defender um projeto de país que não atende aos brasileiros.
Já pela seleção amarela, por mais preguiça que tenha da CBF, sobretudo pelas maracutaia nos campeonatos brasileiros, ainda posso vir a reconsiderar. Quem sabe esse Caboclo se mostra diferente daqueles que o antecederam. Ricardo Teixeira, José Maria Medalha Marin e Marco Polo Del Nero.
Imagens: 1) google; 2) CBF; 3) fotomontagem
É isso mesmo Eduardo, não vamos deixar que tomem posse desse símbolo, apesar do significado original. Resgatar a bandeira e a democracia. Abraço
Na “””olive green village”””até o passado é incerto; nela “a cada 15 a 20 anos se esquece o que aconteceu nos últimos 15 a 20 anos”. “Viva o pau* brasil
onde desde 1500, o ano inteiro
é primeiro de abril”…