Fly me to the Moon/ Let me play among the stars/ Let me see what spring is like/ On Jupiter and Mars/ In other words, hold my hand/ In other words, darling, kiss me.
– Alexia, desliga o despertador.
– Claro, Roland. Bom dia.
– Bom dia. Eu pedi para você tocar a versão da Julie London.
– Desculpe, Roland. Essa versão não está mais disponível nos meus registros.
– Tudo bem. Como está o dia lá fora?
– Faz 45 graus nesta terça-feira. A terra recebeu uma descarga de ondas solares mais forte que o normal, então sugiro que use protetor.
– Obrigado. Quais as manchetes do dia?
– A Organização Das Nações Unidas ainda estuda a possibilidade da criação de uma moeda universal. Os países asiáticos se opõem, temendo a dominação do ocidente. Os representantes da União dos Países das Américas se reunirão mais vez na semana que vem para discutir a criação de uma constituição única para todos os envolvidos. A Organização Mundial da Saúde soltou uma nota dizendo que o ovo pode estar relacionado a uma série de doenças que afetam o coração.
– Nenhuma novidade, então.
– Correto, Roland.
– Você pode me ligar com a empresa de táxi? Não quero ir para o trabalho de carro hoje.
– Claro, Roland.
– Bom dia, gostaria de um táxi na rua 29 de dezembro esquina com 31 de agosto, bairro dos Afastados.
– Alexia, talvez eu não durma em casa esta noite.
– Ok, Roland, tenha um bom dia!
– Bom dia, senhor.
– Bom dia. Sede do Governo, por favor.
– Claro. Quente hoje, não é mesmo?
– E dizem que vai piorar.
“Compre agora um aparelho de barbear, seduza todas e todos a sua volta!”
– Quanto custa para desligar esses anúncios automáticos?
– 20 dólares, senhor.
– 20 dólares? Que absurdo.
– É isso, ou vão te oferecer aparelho de barbear daqui até o seu destino.
– Colocar na conta da corrida.
– Claro, senhor.
– Que música é essa que está tocando?
– Heaven Is a Place On Earth, senhor.
– Ha! Parece que os antigos não sabiam nada mesmo sobre o futuro, em.
– Eles não conseguiam se lembrar do próprio passado, senhor. Como saberiam do futuro?
– Justo.
– Bom dia, Roland, tá atrasado.
– O que é o tempo se não um aprisionamento do nosso instinto de viver?
– Ok ok, chega das suas poesias, não estamos no século XIII e você não é Dente.
– É Dante.
– O quê?
– Esquece, o que você quer?
– Você viu a cotação do dólar hoje?
– Não por quê? Esqueci.
– Bom, meu amigo, o dólar está valendo singelos 68 reais. Precisamos de um plano de contingenciamento.
– 68 reais?! Acabei de pagar 20 dólares para evitar que um anúncio de aparelho de barbear me estrangulasse.
– Ha! Mas você devia mesmo voltar a se barbear, amigo. Faz quanto tempo? Desde a última recessão? Deveria dar uma chance aos velhos hábitos. Sair, conhecer gente nova. Parar de correr atrás da Olívia. Ela claramente tá em outra.
– Eu deveria era não dar ouvidos a você. Mas e aquela coisa da moeda única e tal? Não iríamos nos unir? Não usaremos todos o dólar como moeda?
– Unir? O único motivo para eles se unirem será para apostar quem quebra primeiro! Vamos logo. A reunião já começou.
– Boa noite, eu gostaria de um táxi na Sede do Governo.
– Boa noite, senhor. Para onde?
– O Planado, por favor.
– Claro, ouvi dizer que é a melhor boate da cidade.
– Ouvi dizer que é uma baderna.
– Oi! Boa noite. Estou procurando a Olívia.
– Boa noite. Ela não está.
– Olha cara, eu tenho hora marcada. Pode chamar ela para mim, por favor?
– Você é surdo ou o quê? Não viu as propagandas de implantes auditivos? Deveria arranjar alguns.
– Olívia, estou aqui na porta do Planalto, onde você está?
– Oi, Roland, não pude ir hoje. Deixei o seu pacote com a Carla. Pode pegar e pagar para ela.
– Roland, você disse que não voltaria para casa hoje.
– Eu sei, mudança de planos.
– Você tem uma mensagem no correio de voz.
– Pode colocar, por favor.
– Roland, é a Olívia! Esqueci de te dizer, o produto está mais concentrado nessa remessa. Não vai abusar, em. Toma cuidado!
– Obrigado, Alexia. Vou para o meu quarto. Me acorde amanhã com Dream a Little Dreams of me, versão de 1931.
– Claro, Roland.
– Não abusarei. Só um pouco em cada olho e estou pronto para ir. Um, dois, três.
– Mamãe, o papai chegou!
– Roland, meu amor, onde você estava!?
– Desculpe, Alice, viagem de negócios, você sabe como é!
– Tudo bem. Você viu as notícias? Parece que essa gente tá sempre falando em guerra! Não vamos nos unir nunca, pelo amor de Deus? Estão falando em atacar a Alemanha de novo! Parece que alguém está com umas ideias estranhas por lá. Já não basta a primeira vez, que coisa horrível que foi.
– Não se preocupe, querida. Vai ficar tudo bem.
– Nós não vamos entrar nessa, vamos? Não podemos, temos tantas coisas para resolver aqui, você não sabe o caos que está lá fora e…
– Calma, querida. Não vamos entrar nessa, e sim, eu posso imaginar o caos que está lá fora.
– Tudo bem. Mas, tenho uma novidade! Aquele cantor que a gente ama, Ozzie Nelson, vai lançar uma música nova direto no rádio, daqui a pouco. Na verdade, acho que já até começou… Aí está!
– Sendo assim, minha honrada dama, que nesse sorriso me enlaço e esse doce olhar me encanta. Dança comigo?
– Ah, Dante. Quer dizer, Roland. Eu não poderia ser fraca o suficiente para dizer que não. Estamos prontos para ir. Um, dois, três.
“Stars shining bright above you/ Night breezes seem to whisper I love you/ Birds singing in the sycamore tree/ Dream a little dream…
…of me/ Say nighty night and kiss me/ Just hold me tight and tell me you miss me/ While I’m alone and blue as can be/ Dream a little dream of me.”
– Bom dia, Roland.
– Bom dia, Alexia.
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