Sandra Belchiolina
sandra@arteyvida.com.br

Que geração é essa que nasceu em 1960? Seus caminhos e descaminhos?

Creio que muitos tiveram a alegria de conviver com irmãos e amigos por meio de brincadeiras. Além das bonecas, fogãozinho, bolas e carrinhos, eram presentes: as cantigas de roda, passa anel, queimada e rouba bandeira. Não era época dos “YouTube kids” e demais vídeos que alienam nossas crianças atuais.

Em 1969, com seus nove anos, a turma vivenciava o grande momento das conquistas humanas, o homem pisou na Lua. Os heróis da época, os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin juntamente com o terceiro, que permaneceu na Apollo 11 – o Collins. Fizeram o acontecimento no dia 20 de julho de 1969. E para ser precisa, às 20 horas 17 minutos.

Fato estudado e enaltecido nas escolas. A minha turma ganhou um postal da nossa querida professora Iraidis com a tradicional foto dos três com a Lua ao fundo. Mimo precioso para uma criança do interior. Nesse tempo as escolas estaduais eram as melhores para educação infantil e de jovens.

Os 60 anos era algo distante e vago. Perguntava-me com um vazio de saber: como será em 2020?

Nos anos 70, a televisão chegou para algumas casas. Assim a criançada assistia, por curto período: Pantera Cor de Rosa, Zé Colmeia, Tom e Jerry, Penélope Charmosa. Os Três Patetas alegravam a garotada também. Creio que fomos privilegiados de não termos esses atrativos em tempo integral, assim pudemos avançar em outras diversões criativas.

A televisão surge em muitas casas com a motivação que os pais tinham de ver a Copa Mundial de Futebol. A Seleção Brasileira composta pelo ícone Pelé é tricampeã mundial em 1970. Foi uma festa com muito foguetes estourados Brasil afora. 

Essa década também é da entrada na adolescência da galera. O que eles fizeram? O que um bom adolescente faz: rompe com a identidade que os pais lhe depositam em busca da própria (creio que não todos).

Passamos também pela ditadura. O ato AI-5 do final de 68 já fazia seu efeito. Em rodas de amigos cantávamos Geraldo Vandré sussurrando, pois o medo de sermos presos já era posto, estávamos na ditadura.

Caminhando e cantando e seguindo a canção//Somos todos iguais braços dados ou não” 

E assim, seguimos… um diploma era importante. A esperança de um futuro “garantido”.

Anos 80. O movimento das Diretas Já em 83/85 e a eleição de Tancredo Neves para presidente. E a nação fica em luto com sua morte. 

A geração 60 já está no mercado de trabalho, e muitos se encontram casados e com filhos. A música Travessia de Milton, a qual Tancredo apreciava, entoava nossos dias de luto e de expectativa:

“Solto a voz nas estradas//Já não quero parar//Meu caminho é de pedra//Como posso sonhar//Sonho feito de brisa//Vento vem terminar//Vou fechar o meu pranto//Vou querer me matar…”

Nossa jovem democracia teve sua primeira tristeza. 

Após isso, apareceu o tal Caçador de Marajás com muitas promessas. Nos tempos atuais, a bandeira brasileira vinha sendo utilizada para causas estranhas. Penso que, partido político deveria ser proibido de utilizar símbolos de uma nação. O Brasil é muito mais, é diverso, colorido, múltiplo e sofrido também, para ter sua bandeira empunhada por minoria.

 Voltando a criança de nove anos e o seu vazio para ano de 2020.

Uma trajetória de buscas e conhecimentos concretizados, e, é muito bom que o desejo deles de serem desenvolvidos ainda permanece. A família constituída é minha maior preciosidade, assim como os amigos de muitas tribos e trilhas.

O que era impensável, e até mesmo inimaginável é que em 2020, nesse momento importante para nós, um ser primitivo fosse impor a maior batalha dessa geração e talvez do mundo.

Assim, aos companheiros de jornada, proponho um brinde a nós!!!

 Vamos viver, vamos celebrar a vida!

Quem sabe desacelerados agora?

“Ando devagar porque já tive pressa//E levo esse sorriso//Porque já chorei demais///Hoje me sinto mais forte//Mais feliz, quem sabe//Só levo a certeza//De que muito pouco sei//Ou nada sei…” 

*

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Sandra Belchiolina

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