Fui ao Rio de Janeiro, no final de semana passado, para III Seminário dos Cientistas da BSGI.
Nele, foram apresentadas pesquisas, propostas e práticas em prol dos Objetivos para Desenvolvimento Sustentável (ODS), elaborados pela ONU. O tempo para concretizá-los: 2030.
Cena 1 – Desembarquei na Cidade Maravilhosa dois dias antes do evento. Aproveitei para caminhar no calçadão da Barra e apreciar um pôr-do-sol, que foi fantástico.
Caminhar nos faz ver o mundo, como meus colegas de blog têm defendido. É uma ideia que sempre apreciei e pratiquei.
Inserida naquela paisagem que mineiro (a) fica extasiado, entre os postos 3 a 6, vejo um jovem.
Ele lançava alguma coisa amarrada numa corda para alcançar um côco e puxá-lo para baixo. Olhei curiosa para aquilo tentando entender o processo e o que estava preso na ponta. Não consegui, e segui matutando…
No retorno, lá estava ele em outro coqueiro e na luta para fazer sua colheita. Ai, não resistir e perguntei:
– amigo, que técnica é essa?
– vizinha, é segredo (ele).
– Vizinha? Sou de longe, de Minas.
Nessa conversa conta que é do norte de Minas, que vive do côco e do peixe que pesca e vende para barracas da Barra. Mora no Rio há 10 anos. Nisso, sua bicicleta cai. Pede para ajudá-lo a levantar. Assim pude observar mais.
No balaio amarrado, estavam muitos côco e um isopor para os peixes. Na sua lateral, via-se arpão e uma prancha de isopor, ambos usados para a pescaria.
Assim segue meu “vizinho” coletor-pescador, como os homens primitivos e sustentáveis.
Ele interage com o meio ambiente e faz uso sustentável dos recursos da natureza. Segundo seu relato: “a vida está ótima”
Cena 2 – Entre os roteiros turísticos que o Rio oferece, está o da Ilha da Gigoia. Quis conhecê-la, pois ouvira sobre suas belezas. Mostro nas fotos:
Pude percorrer ruelas floridas e com muito verde, também, muitos restaurantes. Esses são atrativos, nos finais de semana, para os que habitam na cidade.
Mas pasmem! Naveguei em esgoto para chegar lá. O bairro da Barra, com seus condomínios bacanas, e shoppings centers de luxo, não tem tratamento de esgoto suficiente para retornarem com a água tratada para os rios e o oceano.
Ali, no meio do mau cheio, lembrei-me da imagem dos três macaquinhos que tampam os ouvidos, olhos e boca.
O povo não quer ouvir, não quer ver e como consequência não tem o que falar.
Cena 3 – Fui ao supermercado comprar água mineral. E qual a realidade do Rio de Janeiro nesse fevereiro de 2020? Não tem água boa.
Não tem água boa nos rios, nas torneiras e nem nos supermercados. Essa virou mercadoria de luxo, você procura nos mercados mais próximos e não tem. Os cariocas estão correndo atrás de água mineral! Quando acham, muitas vezes está racionada.
Voltando aos ODS propostos pela ONU. Apresentei sobre a importância das unidades de conservação para que se cumpra a ODS 15 – Vida na Terra, cujo objetivo é:
“proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter à degradação da Terra e deter a perda da biodiversidade”.
Precisaremos de todos e mais um com olhos, ouvidos e boca abertos para socorrem à natureza.
O mundo demanda mais e mais pessoas aderindo a sistema de transporte coletivo ou não poluente como a bicicleta do “vizinho”.
Paulo Pepê (devido ao nome da praia) tem muito a nos ensinar com sua “indústria” não poluente e seu jeito de viver sustentável.
Caso contrário – viveremos correndo atrás de boa água e ar, ou fugindo das tragédias impostas por nossa cegueira e surdez (ninguém se salvará disso!).
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