Para quem esperava um encontro tenso, especialmente, em função dos últimos dias desta caminhada rumo ao Governo de Minas Gerais, o debate acabou sendo ameno entre os dois concorrentes. Uma ou outra alfinetada, de um lado e do outro, parecendo aqueles clássicos de futebol que só será decidido depois de algumas partidas. Um estudando o outro, ou mesmo respeitando o outro.
A bem da verdade é que o confronto final que tirou o atual governador do percurso, está polarizado entre duas candidaturas conservadoras. Minas Gerais, considerando até mesmo o resultado da eleição presidencial e comparado com os números de 2014, fez opção diferente nestas eleições. Anastasia e Zema são candidatos com propostas até similares, por mais que divirjam – convenientemente – em função da disputa pelo voto dos mineiros.
Durante toda a semana, convivemos com uma série de denuncias – como não tem autor, podemos então afirmar que são Fake News – atingindo a candidatura do novato Romeu Zema. Interessante, que no primeiro turno, os tucanos sinalizavam querer uma proximidade com o Novo.
Seguramente, pela surpresa inesperada, Zema vai ao segundo turno, chegando à primeira colocação. Então, de repente, passou a ser acusado, taxado e atacado por questões até então desconhecidas.
Numa delas, seguramente a mais grave, açodadamente – embora a campanha tucana ter afirmado nada ter a ver com o fato – vem sendo insistentemente sustentada por dois parlamentares afinados com o senador Anastasia. Seria uma espécie de digital de que a tentativa surgiu, sim, do comando da campanha do PSDB. Foi, até reconhecido por parlamentares tucanos, um tiro no pé.
Não tenho procuração e tampouco quero aqui fazer apologia em defesa do concorrente, que além de conterrâneo, tem laços parentesco comigo, mas a acusação é descabida e evidentemente tem a única intenção eleitoreira. Tanto que, sequer teve a repercussão imaginada. Desde sexta-feira da semana passada, uma fonte ligada aos tucanos, comemorava a “bomba atômica” guardada para sair na ultima semana. Uma matéria de jornal mudou a estratégia e minou a intenção.
De volta ao debate, como disse acima, foi uma espécie talvez de preliminar do que ainda teremos pela frente. Romeu Zema começou demonstrando certa insegurança, até porque não tem o hábito e a experiência de seu concorrente.
A partir do terceiro bloco, quando responderam perguntas de jornalistas, o candidato de Araxá se firmou e foi mais contundente. Tanto no enfrentamento, embora tímido, quanto ao explicar algumas propostas que vinham sendo deturpadas pelos apoiadores do PSDB.
De seu lado, Antônio Anastasia, professor e de palavra fácil – um orador reconhecido – não demonstrou apetite para a disputa. Quem acompanhou suas duas eleições anteriores, a primeira para o governo, enfrentando Hélio Costa e a outra para o Senado, pôde perceber certa apatia no debate.
Quanto tinha tudo para atacar o adversário e suas propostas, recolhia a observações amenas sobre sua passagem pelo cargo. Insistiu em dizer ao candidato adversário para estudar e Zema contra atacava como sendo um bom aluno, disposto a rever conceitos e adaptar suas propostas à realidade.
Para quem assistiu embates desde os tempos de PSD x UDN, depois
Arena x MDB e recentemente PT x PSDB, o clima nas ruas está muito mais quente nas atuais eleições que os candidatos mostraram cara a cara ontem no debate.
Vale dizer, a militância, se é que o partido do Zema possui, está muito mais engajada que os principais atores. A disputa, afinal, está entre dois gestores. Um ex-governador, que tenta se desvencilhar ainda do seu criador Aécio Neves, e um empresário vitorioso que acredita em sua experiência privada para recolocar Minas Gerais em trilhos que já caminhou no passado.
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" Se não fosse o senador Antônio Anastasia nós hoje estaríamos com o Lula eleito em primeiro turno e a presidente Dilma Rousseff preparando-se para entregar a faixa presidencial ao companheiro. Ou você se esqueceu que foi o brilhante trabalho do relator do processo, AA, um dos maiores responsáveis pelo impeachment? Impecável, impedindo qualquer tentativa de escapulida, rico em detalhes, perfeito tecnicamente, enfrentando meses e meses de estudos e dedicação, e durante o julgamento com a resposta sempre pronta, firme e educada. Ah se não fosse ele!????
E agora só porque ele é do mesmo partido do Aécio, você o recusa como candidato ao governo de Minas? Mas então pune-se a mãe pelo filho viciado, culpa-se o pai pelo assassinato cometido pelo filho? E sabe por que ele é candidato? Porque é correto e íntegro, largou o conforto da cadeira no senado para se sacrificar pelo partido, mesmo sabendo que o partido tem um bandido chamado Aécio. No lugar dele você deixaria o senado???????
E quem é Romeu Zema? Onde ele estava quando batíamos panela, cansados de tantos desmandos e corrupção? Em que palanque ele subia, quantas camisas amarelas suou no meio do povo? Ficou rouco de gritar “Fora Lula”? Ah, ele é bom porque é novo, é contra-tudo-isso-que-está-aí. E quem falou que ser novo é bom? Aliás, o nome do partido é de um oportunismo chocante. Daqui a cinco anos o Novo continuará sendo Novo? Daqui a 20 anos, ainda será Novo ou terá desaparecido porque, velho, teve reumatismo e foi cuidar dos males da velhice? E o povo acha lindo votar em um candidato Novo. Se o partido chamasse “Sábio” talvez tivesse meu voto. Porque sábio não tem idade nem partido.????
Eu não quero o Novo. Quero um Sábio. Um político que, fazendo parte disso-tudo-que-está-aí não se contaminou, continuou honesto, brilhante, trabalhador e agora precisa de mim como eu precisei desesperadamente dele durante o impeachment. Eu não voto em quem nunca fez nada pelo meu estado e aparece, de repente, sem experiência alguma, mostrando como maior qualidade ser Novo. Entre um funcionário com larga experiência e um que nunca tivesse exercido a função, você contrataria quem para sua empresa? O inexperiente???
Eu não voto no Zema. Eu não voto no Aécio. Eu voto no Antônio Anastasia.
Sílvia Montenegro, jornalista
Caríssima Silvia.
A senhora nesse texto brilhante se mostrou conhecedora de toda a materia.
Falou o que muitos não sabiam.
Parabéns. Também vou de Anastasia. Não porque simplesmente me simpatizo com ele, mas pela sua capacidade de gerir um sistema fracassado, ou seja, um estado falido.