Tal qual como foi com a Copa do Mundo, agora as eleições também não atraem a atenção dos brasileiros. No primeiro caso, depois de alguns jogos, ainda que timidamente, as pessoas se envolveram demonstrando certa descrença. O resultado foi o esperado. Um vexame do time brasileiro. Agora, faltando pouco mais de dois meses para eleger presidente, governadores, senadores – no caso, dois terços de cada estado -, deputados federais e estaduais, pouco ou quase nada é observado sobre o pleito de outubro.
No distante ano de 1982, quando era jovem com vinte e poucos anos, tive a oportunidade de disputar e vencer uma eleição para vereador na minha Araxá. Naquela ocasião, as eleições eram em 15 de novembro e asseguro que nesta ocasião (segunda quinzena de julho), o clima eleitoral era visível e a população brasileira debatia programas de governo e candidaturas. Hoje não se tem plano de governo e sim projeto de poder.
O pleito será no dia 7 de outubro, primeiro domingo daquele mês. Até o momento sequer sabemos – ao certo – quem serão os candidatos. Estive passando uns dias no Rio de Janeiro e a situação carioca como aqui em Minas Gerais é a mesma. A impopularidade dos atuais governantes é apavorante e alarmante – lá como cá – em todos os níveis. No caso deles, para piorar, o prefeito – se deixar transforma a sede numa igreja universal – e vereadores estão sob a ótica do eleitor, sendo que as eleições municipais só ocorrem daqui dois anos.
Note-se que se a situação de lá é mais complexa, mesmo tendo estradas muito melhores que a nossa e um sistema de transporte coletivo invejável – o metrô do Rio te leva a todos os lugares da cidade, com um bilhete de passagem no valor de R$ 4,30 e a passagem de ônibus, que faz a interligação com o primeiro, custa R$ 3,95.
Têm ainda o BRT que funciona maravilhosamente bem, diferente de tudo que dispomos aqui em Belo Horizonte. Tenho um amigo que possui um conceituado escritório de advocacia no centro histórico. Ele leva 25 minutos de casa, na zona sul, até dentro da sua sala no trabalho. Metrô.
Pois aqui, com essa loucura de trânsito, com um sistema de transporte público caótico, uma BHTrans que nada faz para melhorar nossas raivas diárias, seguimos pacientes e tolerantes. E as BRs que cortam Minas Gerais, no maior e assassino corredor rodoviário brasileiro, sem qualquer investimento descente por falta de força mineira em Brasília. Tivemos governadores aliados ao presidente, tanto em governos tucanos quanto petistas e ainda assim o caos permaneceu.
O debate destes problemas e outros, igualmente preocupantes, passa a margem dos reais interesses das campanhas eleitorais que ainda nem começaram para o eleitor. Agora é momento de conchavos, de quem é candidato a isso e aceita compor para aquilo, em busca do seu projeto – insisto – de poder. Adversários e desafetos, daqui alguns dias, estarão abraçados e trocando elogios no palanque eletrônico.
Enquanto isso, continuamos levando horas para chegar ao trabalho e outro tempo igual para voltar pra casa. Continuaremos perdendo pessoas queridas nas estradas mineiras de responsabilidade dos governos, seja federal ou estadual. Qual de nós, faço esse desafio, que não tem na memória perdas de parentes e/ou amigos nas perigosas e tímidas estradas que passam por Minas Gerais? E vai continuar assim, seja eleito qualquer dos candidatos.
Se para a presidência até o momento não despontou quem serão os candidatos que devem polarizar, para o governo de Minas, embora silenciosamente, deverá ficar entre o ex-governador Anastásia e o petista Pimentel, isso se ele seguir adiante com o projeto difícil da reeleição. Pode ter mudança neste caso. Os demais são todos figurantes. O tucano, que lidera as intenções de voto, terá a difícil missão – que até já sinalizou – de desvencilhar se do seu criador, o ainda senador Aécio.
Para o senado, além da ex-presidente Dilma – caso mantenha sua candidatura ao cargo – os demais concorrentes virão dos “acordos e arranjos” subterrâneos entre os que disputam este projeto de poder. Nas eleições proporcionais, deputados federal e estadual, anotem, por mais questionados que sejam os atuais, seguramente, a maioria deles irá retornar. A renovação, tanto reclamada e proclamada, não vai acontecer. O que justifica a reclamada distancia do debate para as eleições.
Os novatos, se é que significariam mudança, ao contrário dos veteranos não têm a oportunidade de se expor. A não ser, como no caso recente de um advogado que querendo buscar visibilidade, armou em cima do prefeito Kalil. Foi tão ridículo que sua intenção correu pelas águas do Arrudas. E assim vamos continuar como estamos, com os mesmos nomes, a mesma política e a mesma sede de poder. Nada de novo, tudo antigo, como sempre!
Concordo com você. Disse tudo…