Oscar 2024 – Indicados e Previsões

Com apresentação de Jimmy Kimmel (abaixo), que exerce a função pela quarta vez, a 96ª cerimônia de entrega dos Oscars acontece neste domingo, 10/03. O recordista de indicações da vez é Oppenheimer, com 13, de um total de 23 categorias. Logo depois está Pobres Criaturas, com 11, e é seguido por Assassinos da Lua das Flores, com 10 – e lamentavelmente não deve levar nada.

Pela primeira vez, três dos 10 indicados a Melhor Filme são dirigidos por mulheres. Apenas uma delas, no entanto, foi indicada na categoria de Direção (Justine Triet, de Anatomia de Uma Queda). Outro indicado, Martin Scorsese (de Assassinos), bateu o recorde de idade na categoria, aos 81 anos. Sua montadora habitual, Thelma Schoonmaker, também fez história ao ser indicada pela nona vez. E ainda de Assassinos, Lily Gladstone é a primeira atriz indígena de ascendência americana a ser indicada – e a única que parece oferecer risco ao prêmio de Emma Stone, que deve levar seu segundo Oscar (o primeiro foi por La La Land, de 2016).

Abaixo, você confere a lista de indicados por categoria, com links para as críticas disponíveis no Pipoqueiro. O número 1 em frente indica o meu palpite para o vencedor e o número 2 indica aquele que eu gostaria que ganhasse. Se os dois coincidirem, terá apenas um X.

  • Melhor Filme

Anatomia de Uma Queda

Barbie

Ficção Americana

Os Rejeitados

Assassinos da Lua das Flores – 2

Maestro

Oppenheimer – 1

Vidas Passadas

Pobres Criaturas

Zona de Interesse

  • Melhor Direção

Justine Triet – Anatomia de Uma Queda

Martin Scorsese – Assassinos da Lua das Flores – 2

Christopher Nolan – Oppenheimer – 1

Yorgos Lanthimos – Pobres Criaturas

Jonathan Glazer – Zona de Interesse

 

  • Melhor Ator

Bradley Cooper – Maestro

Colman Domingo – Rustin

Paul Giamatti – Os Rejeitados

Cillian Murphy – Oppenheimer – X

Jeffrey Wright – Ficção Americana

 

  • Melhor Atriz

Annette Bening – Nyad

Lily Gladstone – Assassinos da Lua das Flores – 2

Sandra Hüller – Anatomia de Uma Queda

Carey Mulligan – Maestro

Emma Stone – Pobres Criaturas – 1

 

  • Melhor Ator Coadjuvante

Sterling K Brown – Ficção Americana

Robert De Niro – Assassinos da Lua das Flores – 2

Robert Downey Jr. – Oppenheimer – 1

Ryan Gosling – Barbie

Mark Ruffalo – Pobres Criaturas

 

  • Melhor Atriz Coadjuvante

Emily Blunt – Oppenheimer

Danielle Brooks – A Cor Púrpura

America Ferrera – Barbie – 2

Jodie Foster – Nyad

Da’Vine Joy Randolph – Os Rejeitados – 1

 

  • Melhor Roteiro Original

Anatomia de Uma Queda— Justin Triet, Arthur Harari – X

Os Rejeitados — David Hemingson

Maestro — Bradley Cooper, Josh Singer

Segredos de um Escândalo — Samy Burch, Alex Mechanik

Vidas Passadas — Celine Song

 

  • Melhor Roteiro Adaptado

Ficção Americana – Cord Jefferson

Barbie – Greta Gerwig, Noah Baumbach

Oppenheimer – Christopher Nolan – X

Pobres Criaturas – Tony McNamara

Zona de Interesse – Jonathan Glazer

 

  • Melhor Canção Original

The Fire Inside – Flamin’ Hot – O Sabor que Mudou a História

I’m Just Ken – Barbie – 2

It Never Went Away – American Symphony

Wahzhazhe (A Song For My People) – Assassinos da Lua das Flores

What Was I Made For? – Barbie – 1

 

  • Melhor Trilha Original

Ficção Americana

Indiana Jones e a Relíquia do Destino

Assassinos da Lua das Flores – 2

Oppenheimer – 1

Pobres Criaturas

 

  • Melhor Filme Internacional

Eu, Capitão

Dias Perfeitos

A Sociedade da Neve

A Sala dos Professores

Zona de Interesse – X

 

  • Melhor Animação

O Menino e a Garça – 1

Elementos

Nimona

Meu Amigo Robô

Homem-Aranha: Através do Aranhaverso – 2

 

  • Melhor Documentário

Bobi Wine: The People’s President

A Memória Infinita

As 4 Filhas de Olfa

To Kill a Tiger

20 Dias em Mariupol – X

 

  • Melhor Figurino

Barbie – 2

Assassinos da Lua das Flores

Napoleão

Oppenheimer

Pobres Criaturas – 1

 

  • Melhor Maquiagem e Penteados

Golda – A Mulher de Uma Nação

Maestro

Oppenheimer

Pobres Criaturas – X

A Sociedade da Neve

 

  • Melhor Design de Produção

Barbie

Assassinos da Lua das Flores

Napoleão

Oppenheimer

Pobres Criaturas – X

 

  • Melhor Som

Resistência

Maestro

Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte Um

Oppenheimer

Zona de Interesse – X

 

  • Melhor Montagem

Anatomia de Uma Queda

Os Rejeitados

Assassinos da Lua das Flores

Oppenheimer – X

Pobres Criaturas

 

  • Melhor Fotografia

O Conde

Assassinos da Lua das Flores

Maestro

Oppenheimer – X

Pobres Criaturas

 

  • Melhores Efeitos Visuais

Resistência

Godzilla Minus One – X

Guardiões da Galáxia Vol. 3

Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte Um

Napoleão

 

  • Melhor Curta

The After

Invincible

Knight of Fortune

Red, White and Blue

The Wonderful Story of Henry Sugar – X

 

  • Melhor Curta Animado

Letter to a Pig

Ninety-Five Senses

Our Uniform

Pachyderme

War Is Over! Inspired by the Music of John & Yoko – X

 

  • Melhor Documentário Curta

The ABCs of Book Banning – X

The Barber of Little Rock

Island In Between

The Last Repair Shop

Nǎi Nai and Wài Pó

O tradicional jantar dos indicados reuniu todo esse pessoal

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Oscar 2024: comentários de um convidado

por Alexandre Marini

Marcelo Seabra me convidou para escrever um pouco sobre minha percepção a respeito dos indicados ao Oscar de melhor filme. Ele sabe que não sou crítico de cinema — sou apenas casado com uma —, por isso falo do confortável lugar de espectador. Assisti a todos os dez, mas este texto é sobre aqueles que mais tenho recomendado aos amigos. E sem spoilers.

Zona de Interesse (The Zone of Interest)

O filme se inicia com uma tela totalmente escura e, por um tempo, o espectador só ouve sons que não consegue distinguir. Essa foi a forma interessante escolhida para apresentar um discreto personagem que permanecerá ao fundo durante todo o filme: o som da queima dos fornos de Auschwitz. Zona de Interesse aborda o quanto as pessoas podem se fechar em si mesmas a ponto de se importarem somente com suas posições ou interesses, ignorando todo o contexto restante. Sem mostrar nada — nem uma morte sequer —, o horror está lá, o tempo todo. É o retrato da banalidade do mal e um alerta, ao percebermos que as condições para que isso se repita não são muitas e, pior, estão por aí.

Pobres Criaturas (Poor Things)

Pobres Criaturas traz uma leitura muito forte do domínio do homem sobre a mulher, mas vai além disso. Sem puritanismos, fala também sobre a descoberta do prazer e o que fazemos com ela, a exploração do corpo, o egoísmo capitalista e a empolgação juvenil com suas alternativas. No entanto, ao meu ver, o conjunto da obra aponta para a desumanização generalizada que acontece quando não vemos os outros como detentores de direitos iguais, especialmente quando o dinheiro e a satisfação de vontades mesquinhas vêm em primeiro lugar, estruturando nossas relações. Assim, o filme nos faz olhar no espelho, pobres e assustadoras criaturas que nos tornamos.

Vidas Passadas (Past Lives)

Amei cada instante do filme. A premissa não é nada complexa: retrata dois adultos de países e vidas diferentes que se reencontram. Ambos guardam lembranças de uma amizade amorosa da infância, quando estudavam na mesma escola e viviam na mesma vizinhança. Enquanto ele continua sua vida na Coréia do Sul, ela se muda para o Canadá, originando trajetórias distintas. A distância, as mudanças culturais, os desafios individuais e as expectativas mútuas são abordados com delicadeza. O constrangimento entre eles, o dilema de desejar, mas não poder ou não conseguir, e o respeito pela vida distante do outro permeiam a narrativa. Esse sentimento de constrangimento, compartilhado com os espectadores, é um aspecto marcante do filme. Poucas obras conseguem nos fazer sentir o que os personagens experimentam de maneira tão sutil: a dúvida entre estreitar laços ou desfazê-los, o desejo de que tudo dê certo de uma vez ou de encerrar e seguir em frente.

Os Rejeitados (The Holdovers)

De vez em quando, surge um filme que retrata a vida do professor e conquista o público. O personagem principal, interpretado por Paul Giamatti, é daqueles que perseveram na docência, que não abrem mão do conhecimento e da exigência como formas, ainda que tortuosas, de transformar meninos mimados em homens dignos. O longa se passa em um internato masculino na década de 80, onde alguns alunos terão que passar o período natalino na escola sob a supervisão do professor, criando a premissa para que os personagens se conheçam além das notas e das listas de presença. A beleza do roteiro está em mostrar que o verdadeiro aprendizado dos estudantes e o compromisso do educador transcendem os conteúdos escolares, embora isso mal seja percebido pelos próprios alunos e seus pais. Mesmo que isso faça toda a diferença na história de vida de cada um.

Ficção Americana (American Fiction)

Até quem não acredita em Deus reconhece que a crença nele afeta profundamente o comportamento humano, influenciando inclusive aqueles desprovidos de fé. No filme, o protagonista, um homem negro, diz que não acredita na ideia de diferentes raças. Instantaneamente, um táxi o ignora e prefere atender a uma pessoa branca próxima a ele, mostrando, de forma sutil, que as distinções raciais continuam a influenciar as interações sociais. Ficção Americana faz uma contundente crítica à ideia de que é possível transformar a sociedade pela linguagem, estratégia muito presente na academia e na militância de rede social. E chama a atenção para a capacidade do capitalismo de adaptar-se e continuar lucrando com o sofrimento da população negra: se já fez isso na escravidão, por que agora não lucraria vendendo livros e filmes sobre as consequências do que causou?

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Família da luta livre tem sua história contada em Garra de Ferro

A partir do final da década de 70 e por todos os anos 80, houve uma família que reinou no mundo da luta livre, prática conhecida nos Estados Unidos como Wrestling. Jack Adkisson criou um nome artístico para si, Fritz von Erich, e fez carreira nesse universo. E garantiu que cada filho que teve seguisse pelo mesmo caminho, eles querendo ou não. Como é costume nesse tipo de luta, cada lutador cria para si um golpe especial e isso se torna sua marca registrada. O golpe de Fritz von Erich era conhecido como a Garra de Ferro (The Iron Claw, 2023), que dá nome ao longa que chega aos cinemas essa semana.

O primeiro filho de Fritz a entrar para a luta livre, Kevin, é vivido por Zac Efron (de Operação Cerveja, 2022) e o ator deve ser a maior surpresa do longa. O corpo de Efron o cadidata ao papel de He-Man, e o corte de cabelo ridículo também. Muito bem caracterizado, ele dá a dimensão exata a seu personagem, o irmão mais velho (vivo) que quer cuidar de todos e ainda precisa aguentar os desmandos do pai, interpretado por Holt McCallany (da saudosa série Mindhunter). Projetando nos filhos o sucesso que não teve, ele perde de vista a vontade deles e impõe a sua, e tem ao lado uma esposa (Maura Tierney, de Querido Menino, 2018) permissiva, que finge não ver os problemas dos filhos.

Como o primogênito da família morreu aos cinco anos, Kevin se vê como o mais velho, e a escadinha segue com Kerry, o ótimo Jeremy Allen White (agora mais conhecido como O Urso). Kerry é quem mais se permite ser competitivo com os próprios irmãos e acaba sendo o personagem mais interessante, além de ter um intérprete que se funde ao papel. Allen White é outro que ficou impressionantemente forte, o que o afasta totalmente da premiada série que estrela. O outro destaque é Harris Dickinson, estrela em ascensão que chamou atenção em Triângulo da Tristeza (Triangle of Sadness, 2022) e aqui não faz feio.

Com dois longas bons e surpreendentes na carreira (Martha Marcy May Marlene, 2011, e O Refúgio, 2020), o diretor e roteirista Sean Durkin partiu para um trabalho mais convencional, e nem por isso menos impactante. Como havia muita história a contar, Durkin abriu mão de alguns personagens, como o irmão mais novo e um primo falso contratado por Fritz, e o longa ainda passou das duas horas. Marcada pela tragédia, a família von Erich não se permitia viver o luto, reflexo da busca cega do pai pelo troféu de campeão do mundo. É uma jornada dolorosa, mas interessante de se acompanhar.

Evitando os extremos, Durkin não cai na armadilha do sentimentalismo e nem transforma ninguém em um vilão caricatural. A recriação da época é bem apropriada e ainda salpicada por clássicos da música, como Don’t Fear the Reaper (Blue Öyster Cult) e Tom Sawyer (Rush), além da trilha original assinada por Richard Reed Parry, da banda Arcade Fire. Só continuamos sem entender, ao final de Garra de Ferro, como funcionam as lutas desse universo: os lutadores se consideram muito sérios, mas combinam golpes nos bastidores. Como é possível ter surpresa no vencedor e no perdedor de algo arranjado previamente?

Os verdadeiros von Erichs e o elenco do filme

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Parte Dois de Duna chega mantendo o nível

Depois das 2h35min da primeira parte, chega aos cinemas essa semana Duna: Parte Dois (Dune: Part Two, 2024), filme um pouco mais longo: 2h46min. Com mais de cinco horas, Denis Villeneuve honra o livro de Frank Herbert e o resultado em momento algum fica cansativo. Como na primeira, essa segunda parte trata de vários temas, principalmente o fundamentalismo religioso e o militarismo, o que nos permite fazer vários paralelos com o mundo em que vivemos. E é isso que as boas obras de ficção científica fazem: proporcionar discussões e reflexões sobre o hoje.

Mais uma vez contando com um elenco excelente, Villeneuve trouxe gente nova a bordo: Austin Butler (de Elvis, 2022), Florence Pugh (de Oppenheimer, 2023), Christopher Walken (de Além das Montanhas, 2020) e Léa Seydoux (de 007: Sem Tempo para Morrer, 2021). Todos estão muito bem em seus papéis, com destaque para Butler, que malhou bastante e está bem ameaçador como o psicótico Feyd-Rautha Harkonnen. O grande mérito na atuação, no entanto, é de Timothée Chalamet, que pela primeira vez aproveita a oportunidade e se torna um líder messiânico, alguém em quem todo um povo deposita suas esperanças. Bom, nem todo, mas Paul Atreides de fato cresce em relação à primeira parte. Continuações se beneficiam de não precisarem começar do começo, pulando apresentações e partindo logo para a ação.

Toda a parte técnica de Duna: Parte Dois é impecável: não à toa, o longa anterior ganhou seis Oscars de um total de dez indicações. O diretor repete vários de seus colaboradores habituais e o resultado novamente é dos melhores. Fotografia, cenários, figurinos, trilha, efeitos visuais e sonoros se fundem pelo bem da história, que é bem contada, e os créditos pelo roteiro são mais uma vez divididos entre o diretor e Jon Spaihts. Tudo é bem desenvolvido e os personagens ganham espaço para avançarem. Sabemos o que precisamos saber, o resto descobrimos com eles. E a sala IMax potencializa o resultado, com uma tela enorme e um sistema de som impactante que comanda o tremor das cadeiras.

Continuando de onde a Parte Um parou, Paul se une aos Fremen, o povo livre do deserto, e Stilgar (Javier Bardem) tem certeza de que o jovem é o enviado que a profecia indica. Lidando com esse misto de esperança e medo que todos têm dele, Paul busca juntá-los para derrotar os Harkonnen, casa que domina a produção de especiaria, maior riqueza desse universo. Como Rabban (Dave Bautista) não está cumprindo sua obrigação a contento, o Barão Harkonnen (Stellan Skarsgård) começa a preparar o sobrinho (Butler) para assumir o comando e derrotar o messias que tanto comentam. Enquanto isso, o Imperador (Walken) e a filha (Pugh) ficando tentando prever as próximas jogadas dos envolvidos para se manterem no poder.

As cenas dos exércitos Harkonnen se reunindo e se apresentando evocam imediatamente a simbologia nazista, o que pode ser associado ao crescimento da extrema direita pelo mundo, com grupos perdendo qualquer pudor de se assumirem como os fascistas que são. E a ideia de ter uma pretensa religião dominando pela promessa da chegada de um predestinado é algo que podemos facilmente entender. E o aspecto espiritual rapidamente se mistura ao aspecto político, mostrando por que é fundamental termos estados laicos. Essa Parte Dois é tão rica e bem sucedida que saímos do cinema torcendo por uma Parte Três.

Villeneuve apresentou o longa e o elenco na Comic-Con

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Pacote Oscar 2024

Conheça melhor alguns dos indicados ao Oscar 2024:

Maestro (indicado a sete Oscars)

Esforço gigantesco de Bradley Cooper, depois da elogiada estreia na direção com Nasce Uma Estrela (2018), para tirar o projeto do papel e contar a vida do maestro Leonard Bernstein. O resultado é tecnicamente correto, mas frio, e evita possíveis críticas ao personagem, que sai quase como um santo. A interpretação de Cooper é bem afetada e o nariz falso chama bastante atenção, dando espaço merecido para Carey Mulligan brilhar como a esposa de Bernstein. Causou grande barulho ao estrear na Netflix e logo foi esquecido. A campanha massiva de marketing deu frutos e o filme teve indicações descabidas ao Oscar.

Os Rejeitados (indicado a cinco Oscars)

O diretor Alexander Payne tem grande facilidade para trabalhar com personagens intragáveis e este é o caso do professor Hunham, numa nova parceria com o ótimo Paul Giamatti (de Sideways, 2004). No período de festas de fim de ano, os alunos de um colégio interno vão para casa e fica um grupinho que não tem para onde ir. Tido como difícil pelos colegas, o Prof. Hunham é escolhido pela direção, como castigo, para acompanhar os “rejeitados”, formando um trio inusitado com um aluno problemático (Dominic Sessa) e a cozinheira da escola (Da’Vine Joy Randolph). Filme divertido, gostoso de assistir, que guarda uma mensagem otimista para o final.

Ficção Americana (indicado a cinco Oscars)

Um humor irônico muito bem interpretado por todo o elenco, em especial os indicados ao Oscar Jeffrey Wright (Principal) e Sterling K. Brown (Coadjuvante). O diretor estreante e roteirista Cord Jefferson faz uma crítica aos guerreiros engajados que defendem causas que não conhecem e caem na primeira armadilha que aparece, como quem lê um livro altamente estereotipado e exagerado e sai dizendo ser a melhor coisa já escrita apenas pelo fato da escritora fazer parte de uma minoria (ou duas). Cansado de tentar vender livros inteligentes, o escritor negro Monk (Wright) coloca num texto todos os lugares comuns que conhece, fazendo o que julgava ser uma paródia, e vira um fenômeno. É bem interessante ver Monk lutando contra seu próprio sucesso repentino, vendo incrédulo as pessoas elogiarem o que considera um lixo.

Nyad (indicado a dois Oscars)

Uma das personagens mais irritantes vistas ultimamente, Diana Nyad era uma nadadora em sua juventude que acaba abandonando um sonho que tinha: ir de Cuba à Flórida a nado. Mandona e dona da razão, ela mobiliza uma equipe, liderada pela amiga Bonnie, para tentar realizar seu sonho. Detalhe: após os 60 anos. Correto e sóbrio, o filme refaz os passos (e braçadas) de Nyad e se firma nos ombros de suas atrizes, ambas merecidamente indicadas ao Oscar: Annette Bening (Principal) e Jodie Foster (Coadjuvante).

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Zona de Interesse revisita as atrocidades nazistas

A partir de 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas implementaram o que chamavam de “Solução Final da Questão Judaica” e, até o fim da guerra, em 1945, estima-se que tenham executado seis milhões de judeus. Isso sem falar em quem era acusado de ser comunista ou homossexual, prisioneiros de países inimigos, ciganos e outros grupos minoritários. Um dos principais nomes desse genocídio, que testou, aperfeiçoou e colocou em prática técnicas de assassinato em massa em campos de concentração, foi Rudolf Höss, oficial da SS e comandante de Auschwitz, o mais infame dos campos. Ele é o protagonista de Zona de Interesse (The Zone of Interest, 2023), que chegou aos cinemas recentemente.

Mesmo com os elogios recebidos por Sob a Pele (Under the Skin, 2013), Jonathan Glazer levou dez anos para dirigir outro longa, e escolheu adaptar o livro homônimo de Martin Amis. Ao contrário do escritor, Glazer preferiu ser mais claro e colocou nomes reais e situações comprovadas por documentos em seu roteiro, narrando um curto período na vida de Höss em que o nazista, a esposa e os cinco filhos viviam ao lado de Auschwitz, uma das muitas “zonas de interesse” de Hitler e seus asseclas. Ao mesmo tempo, o título também serve para descrever a sensação da esposa, Hedwig, que se via realizada por morar lá, numa casa confortável, com piscina e empregadas. Não ligava que isso tudo estivesse ao lado do inferno, exemplificando a teoria da banalidade do mal elaborada por Hannah Arendt.

Por todos os registros que se tem, Höss parecia um sujeito sereno, calmo, um corriqueiro cidadão de bem, que discutia a construção de câmaras de gás como quem elabora uma lista de compras no supermercado. Christian Friedel (de A Fita Branca, 2009), com o mesmo corte de cabelo horroroso visto em fotos da época, faz um ótimo trabalho, atraindo para si boa parte do ódio dos espectadores. Surpreendentemente, uma figura ainda mais nefasta era Hedwig, vivida de maneira magnífica por Sandra Hüller, indicada nas principais premiações nesta temporada como atriz principal de outro filme excelente: Anatomia de Uma Queda (Anatomie d’une Chute, 2023).

São várias as características louváveis do longa, como toda a recriação dos ambientes internos da época, dos mais simples aos suntuosos, e dos externos, como a entrada de Auschwitz e as paisagens idílicas dos arredores. O que mais marca, no entanto, é o desenho de som, justamente indicado ao Oscar. Como era possível aproveitar um dia ensolarado na piscina com tiros sendo ouvidos tão perto? Com diversos barulhos vindo do vizinho, todos indicando morte, tortura e afins? Seria muito merecido ter Tarn Willers e Johnnie Burn (este também de Pobres Criaturas, 2023) sendo chamados na premiação da Academia, nenhum outro filme da temporada usou tão bem o som.

Há momentos em Zona de Interesse em que temos a sensação de que Glazer conta com a experiência prévia de seu público, já que muito não é explicado. Situações são mostradas já iniciadas, exigindo um um pouco mais do espectador, o que é louvável e pouco comum, já que cineastas costumam incorrer no contrário: explicar demais. O longa cresce ao se pensar a respeito, mas (como escreveu meu amigo Tullio Dias) não é para ser visto mais vezes, e isso é um elogio. Dois ou mais socos seguidos no estômago fazem um estrago maior.

A discussão sobre formas de matar com mais eficácia corria tranquilamente

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Sobreviventes de acidente formam a Sociedade da Neve

Em 13 de outubro de 1972, um avião da Força Aérea Uruguaia bateu em uma montanha da cordilheira dos Andes e caiu. Ele levava uma equipe amadora de rugby para uma competição no Chile e tinha 40 passageiros, entres os jogadores, amigos e familiares deles, além de cinco tripulantes. Dos 45 envolvidos, 29 sobreviveram à queda, mas o que viria a seguir não seria nada fácil. Essa é a história contada em Sociedade da Neve (La Sociedad de la Nieve, 2023), longa que garantiu à Espanha uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Internacional, além de ser lembrado também na categoria de Maquiagem e Cabelo.

Na cadeira de direção, o experiente J.A. Bayona já contou a história de outra tragédia: em O Impossível (The Impossible, 2012), acompanhamos Ewan McGregor e o filho mais velho (Tom Holland, o Homem-Aranha) tentando encontrar a esposa (Naomi Watts) e o caçula após o tsunami de 2004 na Tailândia. Juntando esse drama humano com os efeitos especiais de um Jurassic World: Reino Ameaçado (2018), Bayona tinha a bagagem necessária para contar o chamado “milagre nos Andes”.

Ao conseguirem fazer o rádio do avião funcionar, os rapazes escutam que as buscas por eles foram suspensas devido às terríveis condições climáticas no local. Ninguém acreditava que haveria algum sobrevivente. Por isso, quem ficou teve que se virar. E é impressionante a capacidade que eles demonstram de lutar pela vida, inventando formas de aproveitar o que tinham à mão. A informação que provavelmente ganhou mais ênfase com o passar dos anos foi a forma como eles conseguiram sobreviver: canibalismo. Na época, esse elemento foi mantido em segredo: muitos deles eram católicos e tinham medo de serem atacados pela Igreja – isso o filme apenas sugere.

O livro que serve de base ao roteiro de Bayona e seus três colaboradores foi escrito por Pablo Vierci, amigo dos sobreviventes, e lançado em 2008. A riqueza de detalhes na história de Vierci serviu como guia para o design de produção da obra, que conseguiu recriar os restos do avião, o que era essencial para entendermos os fatos. Em 1993, foi feita a versão hollywoodiana da história, Vivos (Alive), mas baseada em outro livro, cuja riqueza de detalhes não chega aos pés do livro de Vierci. Dessa vez, com atores menos conhecidos e prioritariamente uruguaios e argentinos. Muito competentes, de forma geral.

O maior mérito de Bayona em Sociedade da Neve talvez seja conseguir levar o público para perto dos personagens, nos fazendo ter uma ideia da tensão sentida por eles. Sem a necessidade de ser muito gráfico com o que há de pior, o diretor consegue comover sem ser piegas. E ainda há surpresa para quem acha que já conhece aquela história. A forma de contá-la faz toda a diferença. Ganhando ou não o Oscar, o filme é indispensável.

Foto tirada pelos verdadeiros sobreviventes

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Bob Marley e suas músicas chegam à tela grande

Robbie, Bob, Nesta, Skip, Skipper, Tuff Gong, Gong… São vários nomes ou variações deles pelos quais ele era chamado. Entrou para a história como Bob Marley e ficou conhecido como um dos fundadores do reggae, estilo musical nascido nos anos 60, na Jamaica. Tamanha foi a sua influência que ainda é lembrado como um dos maiores nomes da música internacional e como o representante principal do reggae. Em 2024, ele ganha uma cinebiografia autorizada pela família, que conta com membros na produção e muitas de suas músicas na trilha.

O fato de Bob Marley: One Love (2024) ser chancelado pela família Marley pode dar a entender que se trata de um filme chapa branca, que pega leve com seu biografado e não mostra possíveis podres ou erros dele. Sim, isso acontece – talvez de forma menos problemática que em Maestro (2023), por exemplo, mas ainda assim incomoda. O fato do roteiro focar em um momento específico, ao invés de tentar abarcar toda uma vida, seria um ponto positivo. Seria, não é. Muita coisa fica confusa, e o roteiro chega a criar algumas dessas confusões deliberadamente, além de causar outras por omissão. A figura do pai, por exemplo, fica aparecendo de todas as maneiras erradas, enquanto a verdade sobre ele é deixada de lado. Não adianta ter um amigo de Bob à disposição como consultor, caso de Neville Garrick, se as perguntas certas não forem feitas.

O roteiro de One Love foi escrito pelo diretor do longa, Reinaldo Marcus Green, e mais três, sendo um deles Zach Baylin. Os dois tiveram as mesmas funções em King Richard – Criando Campeãs (2021), outra cinebiografia confusa e “passa pano”. A história apresenta Marley e sua trupe para logo mostrar o atentado que mudaria a cabeça dele e o faria compor canções mais engajadas politicamente. O pano de fundo, a situação violenta da Jamaica, é explicado num letreiro inicial, e flashbacks vão trazendo informações sobre um Marley mais jovem. Nada muito esclarecedor e o país é pouco explorado, sempre com aquela fotografia padrão norte-americana, em sépia, que faz tudo parecer quente e envelhecido.

Como Green não é habilidoso nem como diretor, nem como roteirista, ele parece apostar suas fichas na atuação de seu ator principal. Visto recentemente na série água de salsicha da Marvel Invasão Secreta (Secret Invasion, 2023) e mais lembrado como Malcolm X em Uma Noite em Miami… (One Night in Miami…, 2020), Kingsley Ben-Adir faz uma versão meio playboy de Marley, mais forte fisicamente, mas mais apagado. Se visualmente ele está longe de seu personagem, a interpretação o afasta mais ainda. Lashana Lynch (de As Marvels, 2023) se sai melhor como Rita, apesar da relação dela com Bob nunca ficar muito clara. Parte dos conflitos entre eles aparece, mas apenas para confundir. E os sotaques jamaicanos flutuam do crível ao falso.

Se tem uma coisa que funciona nesse One Love são as músicas originais de Marley. As faixas são bem encaixadas e pontuam bem o filme, mas acabam sendo um último recurso. É como se pensassem: “Se nada der certo, conquistamos o público com as músicas”. A produção musical ficou a cargo de um filho de Marley, Stephen, e há outros muitos Marleys na produção, e Ziggy teve uma atuação mais importante no desenvolvimento do projeto. Não é coincidência os dois serem os únicos entre os filhos mencionados nominalmente. Para conhecer bem o episódio que o filme tenta retratar, vale buscar o curto documentário Remastered: Who Shot the Sheriff, disponível na Netflix.

Com as cenas reais ao final, a discrepância ficou ainda mais clara

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Bons atores e reviravoltas não sustentam Argylle

Depois de três filmes da franquia Kingsman e antes de seguir com outros dois já programados, Matthew Vaughn resolveu dar um tempo. Para não ir muito longe, o diretor foi para outro universo, mas ainda no mundo da espionagem: Argylle – O Superespião (Argylle, 2024) pode muito bem funcionar como o início de outra franquia. Só precisa se dar bem nas bilheterias, o que vai depender mais do elenco carismático do que do roteiro, uma colcha de retalhos de referências soltas. Ou mesmo da direção, que parece preocupada em florear sem saber onde quer chegar.

Em seus primeiros cinco filmes como diretor, Vaughn demonstrou saber exatamente o que está fazendo. De Nem Tudo É o Que Parece (Layer Cake, 2004) ao primeiro Kingsman (2014), passando por Stardust (2007), Kick-Ass (2010) e X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class, 2011), Vaughn fez longas com diversão na medida certa, evitando exageros nos momentos de humor, com drama e tensão bem equilibrados. Este Argylle é o ápice do que os outros dois Kingsman seguintes mostram: o diretor gostou muito do próprio estilo e perdeu a mão.

Bryce Dallas Howard (dos novos Jurassic Park) interpreta uma escritora de histórias de espionagem que criou o Agente Argylle (vivido pelo Superman Henry Cavill), um tipo meio James Bond que está sempre salvando o mundo. Enquanto conclui seu quinto livro, Elly é abordada por um sujeito (Sam Rockwell, de Jojo Rabbit, 2019) que se diz um espião de verdade e revela que a vida dela corre perigo. Sem saber, a escritora estaria colocando em suas histórias informações verdadeiras, o que estaria incomodando vilões perigosos.

A premissa pode parecer interessante, e o filme ainda usa bem no início a nova música dos Beatles, que é mais um ponto positivo, mas logo o roteirista Jason Fuchs (de Mulher-Maravilha, 2017) dá um jeito de bagunçar tudo. É possível ver traços de Missão: Impossível e de Jason Bourne, e até de Kingsman, e fica a sensação de que Vaughn está tentando superar a memorável sequência da igreja (com Colin Firth). Argylle se resume a isso: boa vontade e tentativas. Howard e Rockwell (acima) seguram as pontas como protagonistas e alguns coadjuvantes se destacam, como Bryan Cranston (de Breaking Bad) e Catherine O’Hara (de Máfia da Dor, 2023), apesar dos exageros demandados pelo roteiro.

A campanha de lançamento claramente exagera no destaque a Cavill e à cantora Dua Lipa, e ambos participam pouco, assim como John Cena (de Velozes e Furiosos 10, 2023). Rockwell, um ator sempre ótimo, aqui está no modo engraçadinho e passa da conta um pouco, o que lembra os filmes mais recentes da Marvel. As inúmeras reviravoltas da trama cansam e chega um momento em que o espectador apenas quer que aquilo acabe logo. Se houver um segundo filme, a mudança terá que ser drástica para atrair interesse.

O superespião de Cavill nem pisca ao salvar o mundo

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Queda expõe a anatomia de um casal

Uma casa afastada, no meio da neve. Um casal com um filho. De repente, uma morte. Cenário propício para um filme de terror. O que temos, no entanto, é um filme de tribunal que parte desse fato para examinar cada um dos envolvidos e as relações entre eles. Quando você briga com seu marido/esposa, você não espera vê-lo/la morto/a na sequência. Isso pode até te ocorrer no calor do momento, mas numa situação totalmente hipotética, irreal. Imagine se não só isso acontece como você é acusado/a do crime!

Esse é o mote para Anatomia de Uma Queda (Anatomie d’une Chute, 2023), um dos 10 indicados ao Oscar de Melhor Filme, que chega aos cinemas nacionais essa semana. Com cinco indicações, o longa tem a única mulher lembrada na categoria de Melhor Direção, já que Greta Gerwig (de Barbie, 2023) e Celine Song (de Vidas Passadas, 2023), dois outros nomes muito cotados, não entraram. Justine Triet é uma cineasta e roteirista mais do que estabelecida em seu país, este é seu primeiro filme a estourar mundialmente. A França não escolheu Anatomia de Uma Queda como seu representante no Oscar de Melhor Filme Internacional, e mesmo assim ele conseguiu ser indicado de outras formas.

Outra que já tem uma longa carreira é a protagonista, a alemã Sandra Hüller. Além de estar em outro dos destaques da temporada atual, o ainda inédito Zona de Interesse (The Zone of Interest, 2023), a atriz fez As Faces de Toni Erdmann (Toni Erdmann, 2016), que levou o trabalho dela ao grande público. Aqui, ela carrega o espectador consigo por todo o julgamento, num trabalho nada menos que brilhante. Sandra (a personagem) nunca deixa de ser tridimensional e, pelo contrário, tem diversas camadas interessantíssimas.

Apesar da pouca idade, um coadjuvante que faz a diferença no filme é Milo Machado Graner, intérprete do filho do casal. Ao lado de seu cachorro (extremamente expressivo) ou não, o garoto tem boas cenas e não faz feio, trazendo muita emoção a momentos chave. No tribunal, temos dois lados em sintonias diferentes, e ambos funcionam. Enquanto na defesa temos Swann Arlaud interpretando um advogado competente, sério e discreto, na acusação Antoine Reinartz se diverte com um tipo mais cínico, que deixa insinuações no ar. É um tipo de julgamento diferente do que conhecemos, que parece funcionar na França. Estranho só é não ter a presença de parentes e amigos dos envolvidos.

Anatomia de Uma Queda joga com a nossa percepção, nossos valores e a experiência prévia de cada um. Ao longo da sessão, cada um pode ter uma certeza, e ela muda a cada poucos minutos. A única coisa que sabemos, ao certo, é que a relação de um casal pode parecer uma coisa para eles e outra para quem está de fora, observando. Quando um casal se separa, por exemplo, pode parecer surpresa para os demais, mas os envolvidos sabem exatamente o que está havendo. Por isso, antes de mais nada, Anatomia é um filme sobre Sandra, Samuel, Daniel e a relação entre eles.

O garoto rouba algumas cenas para si

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