por Marcelo Seabra
Se até personagens obscuros de filmes ruins de terror têm direito a uma pré-continuação, máquinas de fazer dinheiro de grandes estúdios logo estariam na fila. Depois de três filmes de sucesso com o super-grupo e uma aventura solo de Wolverine que, mesmo sendo ruim, deu lucro, era hora de aproveitar os X-Men de outra forma. E o melhor: com um elenco mais barato e com egos menores. Esses planos foram desenvolvidos até que se chegasse a X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class, 2011), que estreia nos cinemas brasileiros nesta sexta.
Num primeiro momento, a série Origens seria desenvolvida para as histórias dos personagens, tratados individualmente. Começariam por Wolverine e Magneto, mas só o primeiro realmente vingou. Os executivos perceberam que o momento crucial da história de Magneto teria que ser relacionado ao encontro com Charles Xavier. Daí a envolver outros jovens mutantes foi um pulo. Os fãs dos quadrinhos pareciam confiantes por terem a direção de Bryan Singer, que comandou os dois primeiros X-Men – o segundo conseguiu ser ainda melhor que o primeiro! Singer acabou ficando apenas como produtor, para dirigir Jack The Giant Killer (2012), e os problemas começaram.
O roteiro passou por várias mãos, o projeto ficou dois meses sem diretor e a incerteza tomou conta. De alguma forma, o que seria um fracasso para os estúdios Marvel acabou se tornando uma excelente adaptação de quadrinhos de heróis, provando novamente que os executivos da Casa das Ideias sabem o que fazem. Isso, se você não for um fã xiita que vai fazer cara feia para a primeira liberdade tomada. Afinal, seguir religiosamente o que foi estabelecido nas revistas nunca foi a intenção aqui. O roteiro só foi finalizado durante as filmagens, mas amarrou tudo perfeitamente, sempre dando as informações desejadas de forma bem fluida. Ele inclusive faz a ponte entre a ficção dos quadrinhos e a história real, ambientando a trama durante a crise dos mísseis, com direito até a pronunciamento do Presidente Kennedy.
O começo do filme repete uma cena do primeiro X-Men (2000), quando um garoto é separado dos pais num campo de concentração. A pequena demonstração de poder do jovem Erik é vista ali, e um vilão misterioso se interessa por ele. Sebastian Shaw (Kevin Bacon, ator que provavelmente pode ser ligado a qualquer outro com até seis graus de separação) consegue provocar Erik até ver uma grande manifestação, e começa então a obsessão que colocará o amargurado Erik, já nos anos 60 (vivido por Michael Fassbender, de Centurião, de 2010 – ao lado), na caça dos nazistas que o aprisionaram.
Perseguindo Shaw, Erik cruza o caminho de Charles Xavier (James McAvoy, de O Procurado, de 2008), um poderoso telepata que oferece ajuda à CIA para capturar o vilão. A partir daí, a amizade entre os dois é construída, algo que o roteiro faz funcionar muito bem. Sabemos que os dois se tornarão antagonistas e que, a qualquer momento, um grande desentendimento irá surgir. Mas, ao contrário de outros “filmes de origem”, as saídas não são óbvias. E ainda temos a participação de outros personagens interessantes, que chegam a ser desenvolvidos o suficiente para nos importarmos com eles.
A escolha de quem apareceria no longa não fez os tais fãs xiitas felizes, já que a primeira turma X dos quadrinhos era bem diferente. A proposta era usar nomes diferentes dos trabalhados nos filmes anteriores, descartando ícones como Ciclope, Jean Grey, Tempestade, Anjo e os demais. Entram em campo, então, Mística (Jennifer Lawrence), Hank McCoy (Nicholas Hoult), Alex Summers (Lucas Till) e Sean Cassidy (Caleb Landry Jones), para ficar nos principais. O elenco jovem funciona muito bem, o que era essencial para que se tivesse a classe do título. E há referências e citações suficientes, até com direito a participação especial!
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