Por que sofremos tanto a perda das pessoas queridas, se sabemos que é um caminho natural a todas as pessoas? Inclusive nós mesmos. Que dor é essa que nos aflige, mesmo sabendo, às vezes, que aquele que partiu vivia em grande sofrimento?
Ao final de cada ano, é comum que façamos uma reflexão sobre aquilo que experimentamos no período delimitado no calendário. Comemorar as vitórias, avaliar resultados de vida, de relações, de projetos. Também se faz inevitável lamentarmos as perdas, com o coração ressentido.
No dia 20/12, deveríamos estar felizes, exultantes por vencer um longo período de um quarto de século, unidos num casamento em que cada um cresceu e se desenvolveu, num aprendizado mútuo. Tanto ela quanto eu aprendemos muito nesses 25anos de parceria. Com altos e baixos, como todos os ciclos, mas com a resiliência de saber que um outro dia é sempre uma nova oportunidade para ser feliz. Alguns amigos se lembraram e cobraram uma celebração, afinal são Bodas de Prata.
Era tanta coisa a comemorar: Natal, aniversário, boa recuperação nas duas cirurgias, uma em cada ombro, conclusão de dois novos livros…
Mas um amigo muito querido partiu para o andar de cima. Foi levar sua generosidade e bem-querer àqueles que o precederam. Era uma daquelas pessoas que parecem ter esculpido um sorriso no rosto, tatuado gentilezas em cada palavra e, como um artista plástico experiente, pintado sinceridade nos gestos.
Lutou com bravura pela vida durante alguns meses. Mas foi uma batalha voraz, desgastante, sofrida. Talvez tenha sido o descanso para um guerreiro de alma clara, cuja missão entre nós foi cumprida com esmero e galhardia.
Foi um ano de vitórias pessoais, sim, mas foi também um ano de muitas perdas, especialmente de pessoas muito queridas; de muita tensão e desassossego decorrentes das disputas políticas, das decisões duvidosas, da insegurança sabidamente patrocinada; da divisão do “nós e eles”.
A despedida final do amigo coincide com o dia das bodas. E surge, então, essa dicotomia entre comemorar os sucessos do ano e sofrer amargamente essa perda tão sofrida.
Sabemos que estamos aguardando nossa vez numa fila, todos nós, indistintamente, sem sabermos a data e hora da partida. Fazendo um paralelo, lembra muito o Sistema Único de Saúde, o famoso SUS: o prazo médio para atendimento é de XX anos. Pode ser que apareça um “encaixe”, e nossa vez chegue de repente, para amanhã ou, talvez, semana que vem. Ou, por outro lado, devido a algum desvio de verba, algum contratempo, um imprevisto, devemos aguardar mais um pouco. Não será dessa vez, ainda.
Guardaremos, sim, os amigos e os familiares, um período de luto pelo amigo que se foi. Mas manteremos também na memória a sua grandeza, sua disposição para a vida e sua especial capacidade de transformar até os dias mais nublados em luz e contentamento. Não teremos, é certo, sua alegria para comemorar nossas bodas de prata, mas temos a certeza de que no dia 25, vai festejar na divina e doce companhia do aniversariante.
Carrego comigo o mundo a rodopiar, feito bailarina que dança solitária numa caixinha de música.…
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Lindo texto. Comemore os 25, 26, 27..... não espere ter rótulo, deixe que tenha sentimento. Já se passaram 55 anos desde que me casei . Cada setembro é uma nova primavera e não sabemos quantos setembros ainda teremos, não importa serão floridos todos os que vierem .
Parabéns pelas sábias e bonitos dizeres ao colega e amigo Oscar, colega que transmitia sabedoria, alegria, simpatia...que Deus conforte sua alma no paraíso divino
Feliz Natal, feliz Ano Novo
Parabéns por esse lindo texto e homenagem.
Oscar não foi apenas alguém que passou por nossas vidas — foi alguém que permanece nelas. Permanece no riso fácil, na palavra generosa, no gesto sincero que acolhia sem pedir nada em troca. Havia nele uma forma rara de estar no mundo: leve, íntegra e profundamente humana.
Sua presença iluminava os ambientes e suavizava os dias difíceis. Mesmo nos momentos de dor, manteve a dignidade de quem viveu com propósito, coragem e amor. Lutou com bravura, sem jamais perder a ternura — e isso diz muito sobre a grandeza de sua alma.
A saudade que fica é do tamanho do bem que ele espalhou. É uma ausência sentida, mas também preenchida por memórias que aquecem, por histórias que continuam vivas e por um exemplo que permanece como legado.
Oscar partiu, mas deixou em nós aquilo que o tempo não apaga: o afeto, a admiração e a certeza de que sua passagem valeu cada instante. Que sua luz siga brilhando onde agora descansa, e que aqui saibamos honrar sua memória vivendo com a mesma generosidade que ele nos ensinou.