João Pedro, meu filho de 9 anos, não gostava muito de ler. A família o incentivava lhe dando livros de presente, mas nada dele se interessar por eles. De personalidade muito espontânea, seu negócio mesmo são as cartas Pokémon e o futebol.
Na última semana, em uma ferrenha luta contra o longo tempo de telas, obriguei: Só liga a tela amanhã se hoje você ler um livro!
Ele remexeu em sua prateleira e pegou um volume de uma coleção infantil que ganhou de minha mãe chamada “Grandes Clássicos”, que reedita importantes obras literárias em formato menor e mais simples, para crianças.
Uma hora depois, chegou ao meu quarto dizendo que tinha achado um livro muito legal chamado “Crime e Castigo”. Ri internamente e o incentivei a prosseguir na leitura.
Na noite seguinte, acabado o livro anterior, ele pegou um segundo exemplar para ler, mas adormeceu antes de terminá-lo. Pela manhã, me disse:
– Vou levar e terminar de ler na escola.
Quando fui buscá-lo, contou-me que tinha chegado até a última página durante a aula de biblioteca. Disse assim:
– Falei para a minha professora de Português que estava lendo um livro e ela me perguntou qual era. Respondi: “Os irmãos Karamazov”. Ela ficou muito assustada e me pediu para ver. Quando mostrei, ela disse: Ah, é uma versão para crianças!
Respondi, achando graça:
– Que bom, filho! Fico muito feliz por você estar gostando de ler agora.
Ele respondeu:
– Calma aí, mamãe . Eu só gosto dos “Grandes Clássicos”.
Ele referia-se ao nome da coleção, mas achei muito engraçada esta frase proferida por um pequeno leitor de 9 anos. Que continue assim!