Passava pelo corredor e não pude deixar de ouvir a conversa da moça e do rapaz. Aliás, a beleza da menina não me deixou escapar a atenção e confesso que, naquele momento específico, estava plenamente envolvido com o que ela dizia.
Ele, costas apoiadas na parede do corredor do colégio. Ela, pernas um pouco abertas e os braços cruzados. Com o olhar firme e decidido, dizia categoricamente ao seu ouvinte: – de uns tempos prá cá passei a dar importância só às coisas simples.
Aquela frase, a princípio meio clichê, chamou a minha atenção. Por qual motivo a moça estava dizendo aquilo para o rapaz. Quantas centenas de motivos teria ela para tal. Qual sua verdadeira intenção ao se referir assim com seu par. Me deixei levar numa sorte de pensamentos e a nenhuma conclusão, a princípio, cheguei.
O que aquela simples frase queria dizer? Só seriam boas as coisas simples? Ou então seria mais fácil viver simplesmente? Confesso não me senti convencido com nenhuma das múltiplas respostas que revoavam na minha cabeça.
Minha vontade era voltar no tempo, passar novamente no mesmo corredor e abordar a menina. Olhar em seus olhos tentando imaginar seu coração e perguntar de maneira direta o que ela pretendia dizer.
Não podia, entretanto. Me restava apenas conviver com as alternativas. A verdade real que emergia de sua boca eu jamais saberia.
Passei a exercitar as hipóteses mais plausíveis e buscar um sentido equilibrado e geométrico a medir a dimensão daquelas palavras. Era o que me restava. Assim fui.
E caminhando nessa ordem de ideias, vaguei por desertos infinitos de suposições. Porque o simples era melhor? O teorema, como todo teorema que se preze, entretanto, deve ser desvendado em sua origem.
Não adianta buscar o resultado sem exercer a equação. Foi nessa ordem de pensamentos que voltei e busquei a primeira resposta a uma indagação fundamental: o que é o simples?
Dirão alguns que o simples é o que conseguimos fazer. Outros pensarão que simples é o mínimo necessário. Existirão os poetas a cantar o simples como o início. Os pragmáticos dirão que é o fim. Para os soldados o fim seria a guerra? Para os violeiros a serenata? Para o campo, a flor?
Não acho que o simples é tão simples assim… Foram horas intermináveis com as mãos cruzadas na nuca, olhos na lua, dedicadas a esse pensar.
Confesso não foi simples entender o simples. E nem mesmo sei se ainda entendo, mas me convenço, pelo menos por ora, que encontrei um significado relativamente… simples.
Depois de ruminar milhões de ideias, pegar carona em pensamentos diversos, concluí que simples é nada mais, nada menos que um… propósito!
Isso mesmo! Uma disposição, um trato, um objetivo. Ver as coisas de maneira simples não é deixar de enxergá-las, tampouco mira-las de forma menor. É apenas e tão somente se concentrar no que elas têm em sua essência. No que elas despertam nosso interesse.
Aí a confusão está estabelecida! Ser simples nada de simples tem. Ao revés, é coisa da muito complicada. Exercer a simplicidade é mergulhar profundo, centrar o foco no que de fato importa, e como tudo é relativo, o que importa passa a ser o que se acredita.
A conclusão não poderia ser outra, então: ser simples é exercer o que se acredita! Dar importância ao simples tem um significado tão amplo que representa tudo que se pode imaginar. O simples se converte, então, num estado de espírito, num modo de ver a vida. Voltamos ao exercício, à prática.
Avaliando, por esse viés, a fala da moça, chego a pensar que o simples não é um fato em si, mas o exercício, o modo de agir, de ser, de representar, de querer, de desejar. Aí sim as coisas ficam mais fáceis e dóceis. O simples é a lente de aumento que usamos para diminuir a importância das coisas e, enquanto coisas pequenas, mais tranquilo embrulha-las para presente, guarda-las na estante, encara-las de óculos escuros, ou mesmo esquece-las num dos bolsos da vida.
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