E lá vem Ciro de novo…

Pela quarta vez em sua errante trajetória política, Ciro Gomes pretende se lançar candidato à presidência do país pelo PSDB, dessa vez sob as bênçãos do Abominável Aécio das Neves.

Foguete molhado da política nacional, Ciro não estourou. Se transferiu para mais partidos que Diego Souza em clubes de futebol. Depois de passar pelas legendas PDS, PMDB, PSDB, PPS, PSB, PROS, e PDT, surge a notícia de que Ciro deve voltar para o aconchegante ninho tucano do PSDB. Sem votos na extrema direita e incompatibilizado com a esquerda, Ciro vai para a velha direita limpinha, de sapatênis, banho tomado, elitista e anti-povo.

Ciro Gomes é um homem tomado pelo ódio. Embora inteligente e, até onde se sabe, honesto, ele não consegue conter sua boca de conflito. É expert em criar adversários e brigar com antigos aliados. Antipetista de carteirinha, Ciro brigou com geral e com seu próprio passado. Auxiliou o governo tucano com o Plano Real e o governo Lula com a transposição do rio São Francisco, para depois sair atirando sobre todos eles.

É pró na arte de fazer inimigos. Brigou com seus irmãos Cid e e Ivo Gomes, com a direita, com a esquerda e com a imprensa. Sem ter mais com quem dialogar, restou a ele debater com o humorista Gregório Duvivier, seu antigo eleitor. Falando pelos cotovelos, Ciro foi simplesmente atropelado no debate, protagonizando uma das cenas mais constrangedoras da política nacional: entre um humorista e um político, que falou verdades sensatas foi quem deveria fazer humor, pois, ao contrário de Ciro, Gregório não tinha nada a perder. Mas, ainda assim, ganhou.

Ciro perdeu de vez a linha em 2022 quando lançou o “Ciro Games”, um programa de entrevistas que tinha uma linguagem mais leve num ambiente moderninho com iluminação hitech. Saiu o terno e gravata e entrou uma blusa de moletom com cordinhas. Vejam, o homem que a foi ministro da fazenda, governador e candidato à presidência de repente se transformou em um personagem de Malhação. Foi risível e constrangedor ver um homem calvo e acima do peso tentando falar de igual pra igual com Mocotó, Cabeção e Lukita da Galera.

Por fim, após as eleições Ciro teve que lidar com uma enxurrada de processos judiciais. Com sua incontrolável boquinha de catchup, deitou falação sem provas sobre seus adversários políticos. Ainda que estivesse certo em chamar Michel Temer e tantos outros de “ladrão”, tais acusações foram feitas de goela, tendo somente a sua garganta como prova. Teve sua casa arrombada pela polícia e veículo penhorado para pagar as indenizações. Chegou ao ponto da justiça fazer uma varredura nas contas de sua esposa para tentar garantir os pagamentos.

Como desgraça pouca é bobagem, após o não pagamento dos honorários de seus advogados, restou a Ciro ter o seu nome incluído no Serasa. A ironia é que Ciro tinha como promessa de campanha um programa que ajudaria aos brasileiros inadimplentes sair do SPC/ Serasa. A sua sorte é que Lula copiou o projeto que pode ajudar a Ciro Gomes no futuro a ter de volta seus cartões da Renner e C&A.

Um mistério econômico ronda a vida de Ciro Games Gomes: ele vive de quê? Com tantos anos sem exercer mandatos políticos, sabe-se que ele trabalhou prestando consultoria ao Beach Park e como diretor na CSN. E o quê mais? Mais liso que língua de papagaio, ele tá vivendo de apostas em bet’s e no Tigrinho? Tá vendendo Jequiti e Hinode? Não se sabe…

Quando se olha a história é fácil ver que os políticos que chegaram à presidência tiveram apoio de setores importantes da sociedade civil organizada.

Tancredo teve apoio da imprensa e de todos aqueles que se opunham, ou passaram a se opor, à ditadura militar. Collor teve, no segundo turno, o apoio da imprensa e de setores do empresariado brasileiro. FHC foi blindado pela imprensa, apoiado pelos donos do dinheiro e de setores da classe média brasileira. Lula foi apoiado pelos sindicatos, trabalhadores, comunidades eclesiais de base e por inúmeros movimentos sociais. Dilma entrou na esteira desses apoios e se elegeu alicerçada pelos avanços sociais dos governos petistas. O Debatedor do SuperPop surfou na onda “anticorrupção” lavajatista, angariou apoio dos evangélicos, do agronegócio, dos militares e dos ressentidos & fascistas de todo o país.

E Ciro Gomes, quer ser eleito com o apoio de quem?

Na real, Ciro Games nunca chegou nem perto de ir para o segundo turno das eleições presidenciais. Em 1988 obteve 10,97% dos votos, em 2002 teve 11,97%, em 2018 12,47% e, finalmente, em uma trajetória de ascendente adesão popular, obteve 3,04% dos votos em 2022, ficando à frente de candidatos competitivos como Padre Kelmon, Léo Péricles, Ei-Ei-Eymael, Vasco da Gama e Rubens Barrichello.

O “não” do eleitorado brasileiro, Ciro já recebeu. Mas em 2026 ele busca a humilhação.

Acho que sua morte política ocorreu em 2018, quando, mais uma vez, não conseguiu ir para o segundo turno das eleições presidenciais. Com o país na beira do precipício, Ciro foi pressionado a escolher um lado entre Haddad e Colostomito Barriga de Cadela Prenha. Em política é importante ter lado, marcar posições, ainda que seu apoio não fosse capaz de evitar a tragédia que se anunciava.

E Ciro escolheu o seu lado. Mais inútil que cinzeiro em moto, ele deu uma banana para a democracia brasileira e viajou pra Paris.

Nada como beber um Ronmanée Conti com a vista noturna da Champs-Élysées.

Que se foda e que se exploda o Brazil! O país que coloque uma dentadura no cu e vá rir pro caralho.

O pindamonhangabense do Ceará chegou a prometer que jamais disputaria novamente as eleições presidenciais. Mas valente que é, Ciro tem coragem até pra mamar em onça, como ele mesmo disse. Contra tudo e contra todos, incluindo a vontade do eleitor, Ciro Gomes vai novamente tentar presidir o país e combater a corrupção ao lado de Aécio Neves, aquele que Ciro Gomes já disse que foi a sua maior decepção em sua longa vida pública.

Assim como os peixes, Ciro Gomes sempre morre pela boca.

 

 

 

 

2 comentários sobre “E lá vem Ciro de novo…

  1. Candidato deveria ser jubilado; Concorreu “n” vezes ao mesmo cargo, ou sonho, como quiserem, e não vingou, “sarta fora”, bota o pijama e vai fazer palavras cruzadas. O eleitor também se cansa daquele candidato se oferecendo a qualquer sigla que o aceite…

    1. É bem por aí, Helvécio. Ciro Gomes virou uma voz em busca de um cérebro. Seu ressentimento e ódio ao PT o cegaram. Depois de tantos partidos só lhe resta fundar o PCG: Partido Ciro Gomes.

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