O gengibre já está no ponto de colher, mas a raiz está tão grande que tenho pena. Gosto de pensar que ele estará ali para sempre. Ele brotou e se desenvolveu pelo simples fato de se enterrar um pedaço de gengibre na terra. Acho isso fascinante.

Os caquis acabaram, dividi boa parte da safra anual deles com as moscas e os passarinhos. Eram frutas de cores lindas, floresciam como bolas de uma árvore de Natal no meio do jardim em pleno março. Agora não temos mais árvore de doces. Apenas as azedas kinkan que a Antonia gosta por ser uma criança moderna.

Os temperos estão fartos, não sei o que fazer com tanto orégano. Tentei secá-los ao forno e deu errado. Preciso aprender a técnica dos que são vendidos nos supermercados. Descobri, no entanto, o segredos das taiobas sem amargor. Basta colher as folhas jovens.

As cenouras nasceram como monstros. Esqueci de arrancar os brotos sobressalentes e elas se entrelaçaram em abraços disformes e repugnantes para consumo.

O canteiro de brócolis morreu, parece que foi praga, mas creio ter sido descuido mesmo. E pensar que achei que eram repolhos antes de nascerem as primeiras flores amarelinhas.

O canteiro de couves me lembra crime, que era o tema do podcast que eu ouvia, um dia, enquanto cuidava dele. A memória se fixou terrivelmente nesse assunto entre a poda e a colheita.

Consigo beliscar alguns tomates e pimentões enquanto estou ali e penso no quão bonito é tudo isso, a comida que brota da terra após um mínimo de empenho. Nem é preciso muita terra mas é preciso sol.

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