Chegamos ao hotel em Addis Ababa ainda deslumbrados com a viagem quando fomos surpreendidos por um convite: “Vocês estão convidados para a cerimônia do café”. Não era apenas uma bebida—era um ritual de boas-vindas, uma tradição que a Etiópia guarda como um tesouro.
No hall do hotel, uma mesa baixa foi preparada com folhas verdes e incenso queimando. Uma mulher, vestida com trajes brancos bordados, começou a torrar os grãos frescos em uma pequena panela de barro. O aroma do café recém-torrado encheu o ar, e enquanto ela moía os grãos manualmente, explicou que cada etapa—a torra, a moagem, a infusão na jebena (bule tradicional)—tinha um significado. O café seria servido em três rodadas, cada uma com um nome: Abol (o primeiro, mais forte), Tona (o segundo, mais suave) e Baraka (o último, abençoado).
E então veio a surpresa: pipoca salgada, o acompanhamento típico. A combinação pareceu estranha no início, mas o contraste entre o amargo intenso do café e o salgado crocante da pipoca fez sentido—era sobre equilíbrio, sobre começos e hospitalidade.
Agora, aguardo ansioso pelo que me espera na Colômbia, já que sei que o café também é tradição por lá . A Etiópia, berço do café, me presenteou com essa memória—e agora eu levo essa experiência como um elo entre o que vivi e o que estava por vir. Em Bogotá e Cartagena, o café não seria um ritual ancestral, mas uma celebração diferente: os grãos suaves e frutados dos Andes, as fazendas verdejantes, as tintas servidas em praças ensolaradas.
A Etiópia me ensinou que o café é história, pausa e conexão. A Colômbia, sei, me mostrará como essa mesma bebida pode ser doce, vibrante e cheia de vida. E no meio disso tudo, ficará a lembrança daquela tarde—do cheiro de incenso, do sabor da pipoca, e do café que não foi só uma bebida, mas um ritual de chegada.
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