Entre as tentativas de empreendimentos sem capital nem domínio do tema, sem qualquer expertise, sonhamos montar a filial da loja em Vitória, ES. Parecia fácil. Não era. Talvez o máximo que pudéssemos imaginar seria juntar o útil – ganhar nosso sustento – com a alegria de trabalhar próximo às belas praias capixabas. Encontraríamos a beleza do mar e o sotaque mineiro, pois em Minas se ama aquela gostosa região.
Depois de um dia de atividades, resolvi aproveitar o fim de tarde em um pitoresco bar, com esplêndida vista, ouvindo, o aconchegante murmúrio das ondas e as envolventes canções de Toquinho e Vinícius. O ótimo trio apresentava excelente repertório MPB, alternando entre as vozes do competente violonista negro e da delicada moça de cabelos claros. Intercalavam solos com duos sob o afável olhar do baterista.
Era uma quarta-feira de um dia brilhante, portanto de um agradável fim de tarde cuja brisa marinha propiciava uma massagem revigorante enquanto o cheiro da moqueca se impunha aos sentidos. Poderia parecer estranho alguém optar por um suco de laranja para acompanhamento, mas, naquele tempo, bebida alcoólica não me apetecia.
Na troca de turno, entre os apreciadores dos fins de tarde, que já começavam a fechar suas contas; e os aficionados pela noite que agora chagavam, observei uma moça bela, cabelos louros cacheados, pele morena de mar, olhos verdes penetrantes, que demonstrava dúvida entre ir com suas amigas ou ficar para mais uma rodada com os chegantes. Era um momento em que cabia perfeitamente um clichê: Oh! Dúvida cruel.
Esperei que o seu olhar que vagava pelo ambiente, encontrasse o meu que, sorridente e esperançoso, buscava a oportunidade de aproximação. Sucesso! Talvez por haver tão poucas opções, ela percebeu que eu a fitava e me sorriu de volta. Com um gesto simples convidei-a a se sentar comigo. Parecia meu dia de sorte. Ela se aproximou e iniciamos uma conversa. Ela estranhou um pouco a minha inabilidade para me levantar, mas tentou aparentar naturalidade. A conversa de banalidades, comuns a um encontro num bar, fluiu tranquila até que ela informou que precisava ir, pois acordaria cedo para trabalhar. Me dispus a levá-la. Foi um baque quando ela estranhou: “você é aleijado e sabe dirigir?”. E completou perguntando se eu tinha “carro, fusca ou Fiat”…
O veículo era um Dodge, mas a paciência era nenhuma e eu respondi: “ônibus!’. Para nenhum espanto de minha parte, ela preferiu chamar um taxi e ir sozinha.
Na tarde seguinte, já concluído o trabalho, voltei para casa e enfrentei uma forte chuva na estrada faltando entre 130 e 140 km para chegar em BH. A imagem da bela moça insistia em se refletir na palidez embaçada do para-brisa. Os faróis com que cruzava e as lanternas vermelhas na rota desenhavam suas curvas à minha frente. Já trafegados 400km, após o posto da PF, vi à esquerda a placa chamativa do Motel Cisne. Chuva e cansaço determinaram: é a última curva. Parei em Monlevade e só continuei na manhã seguinte.
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Fiquei aqui pensando, quem seria essa bela moça que ficou pairando em seus pensamentos….