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Tudo começou em uma semana em que só conseguia pensar naquilo: uma unha encravada no dedão do meu pé. Qualquer ínfimo pensamento era imediatamente interrompido pela dor latejante e pela sensação de que o dedo iria se descolar e cair a qualquer momento.
A culpa foi toda minha. Ao tentar bancar a pedicure, arranquei uma cutícula extra que, embora incômoda, servia para a proteção. Assim, adquiri uma terrível paroníquia (inflamação do tecido subcutâneo ao lado da unha), a qual preferi chamar de unha encravada para fins de compreensão em meus interlocutores.
Sim, porque também só conseguia falar daquele assunto. E falei com muitas pessoas. No trabalho, onde preciso usar sapatos fechados, andava mancando. Na ginástica tinha que parar a toda hora para aliviar o inchaço. Incomodei amigas, minha irmã, minha mãe e ousei chatear minha maravilhosa dermatologista em horário inadequado pedindo socorro.
Obviamente, desesperei também meu marido que, num combo de prevenção de piores amolações futuras e carinho, passou na ‘Araujo’ para providenciar algo que pudesse solucionar a situação.
E foi assim que, ao fim de um certo dia, no qual o tempo em que fiquei de pé tinha deixado a coisa ainda mais drástica, ele chegou em casa, sumiu e logo reapareceu com uma bacia de água quentinha e perfumada. Disse:
– Fiz um escalda-pés com antisséptico e gotas de lavanda.
Mergulhei o pé naquela água e foi como entrar em um rio, em um lago, em algo bonito e amoroso.
Nada na situação patológica que descrevo envolveu imagens agradáveis. No entanto, aquele gesto, aquela bacia morna e cheirosa com águas curativas lembrou-me na hora um buquê de flores, era de mesmo aroma e dimensão.
Percebi que ter essa unha, digo, essa paroníquia mostrou-me coisas importantes. Como a beleza de um gesto de cuidado e carinho, das coisas que procuramos em alguns lugares e em certas datas específicas do calendário e que, às vezes, estão em outras… Foi o que senti naquela terça feira de março sem nada previsto de especial.
A inflamação já está melhorando e tenho certeza que foi por dois motivos. Pela recomendação médica de minha amiga Fernanda e por esse gesto afetuoso recebido, tão simples, tão fácil – e tão extraordinário – de se fazer.
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