Estar na Bahia é estar no fluxo do tempo e no ritmo das marés, das chuvas, dos ventos e do sol.
Impossível não sentar e re-sentar à beira-mar sem se encantar com o azul ou verde do mar, sentir a brisa e o som das ondas ou das músicas baianas — Bethânia, Gal Costa, Caetano e Gil na sonoridade.
Escrevo esta crônica de uma barraca tradicional — Panela de Cumuru — que fica à beira-mar, o que torna o prazer da escrita ainda maior. Entre as mesas, onde alguns amigos engatam uma prosa, um casal entra no mar e segue nadando um pouco mais além; duas jovens e cunhadas atravessam a rua, e a conversa se alonga nas águas.
Na barraca, um quadro me chama a atenção: é Maria pescadora e seu marido, também pescador, Sr. Dos Reis.
Certa vez, fui conversar com Maria e escrevi isto em 2020. Quis falar mais, mas ainda não tive oportunidade. Ainda assim, deixo algo sobre sua escolha:
“Encontrei-me com a pescadora quando caminhava pela vila dos pescadores, indo em direção à Praia dos Barcos. Quando passamos por um casal, minha amiga sinalizou que era uma dupla de pescadores. Passaram por mim e fiquei encantada. Nunca ouvira falar de uma mulher como pescadora profissional. Naquele dia, ambos vestiam camisetas rosas, e a sintonia do par era admirável. Virei-me para trás e queria tirar uma foto. Ponderamos: não era a hora.
Hoje dei sorte! Encontrei-a na praia desenrolando a rede de pesca. Pedi para tirar uma foto e contei-lhe que era a primeira pescadora que eu conhecia. Muito simpática, relatou parte de sua história e encantei-me ainda mais. Chamou-me a atenção seu corpo forte e musculoso. Vê-se que são marcas do seu trabalho no mar, na pesca marítima.” (blogmirante, 2020)
Naquela manhã de 2020, Maria contou-me que, quando sua mãe faleceu, ficou desesperada e correu para o mar num momento de grande dor. Foi salva! Apaixonou-se também pelo mar e, desde então, é par do Sr. Dos Reis, na vida e na pesca.
A maré está enchendo, o casal acaba de sair, e agora são três jovens proseando nas águas mornas do Atlântico, em Cumuruxatiba. E a brisa prazerosa segue no balanço dos barcos.
Indígena Tobá (Brasil) fotografada por Marc Ferrez, 1876. Daniela Piroli Cabral danipiroli@hotmail.com De novo, as palavras.…
Eduardo de Ávila Por mais que os tempos deixem a gente mais sereno e menos…
Silvia Ribeiro Compreendendo as fases da vida. Todos os dias a vida nos concede a…
Mário Sérgio O cinema sempre me encantou de uma forma consistente. Contar estórias de pessoas;…
Parte IIRosangela Maluf Era tão bom conversar com ele. João tinha um jeito diferente e,…
Wander Aguiar Que o carnaval de Veneza é incrível eu já contei por aqui e…
View Comments
Que crônica linda...que vontade de usufruir desse paraíso sem pressa, sem lenço e sem documento como na música de Caetano Veloso. Feliz quem pode ser, viver e estar no paraíso chamado Cunuruxatiba... Salve a Bahia!!!
Tive o prazer de me emocionar com a história e conhecer os protagonistas dessa crônica. Muito bem observado e muito bem narrado os fatos simples do cotidiano dos moradores da belíssima Cumuruxatiba.
Que o tempo continue passando sem pressa, e que a preguiça seja sempre gostosa!