Viajar sozinho é sempre uma oportunidade de dar atenção às coisas e pessoas que muitas vezes passam despercebidas quando estamos acompanhados. Com isso, ganhamos, além de boas memórias, amizades e percepções diferentes sobre o próximo.
Durante uma pesquisa para um roteiro na Croácia, descobri um Parque Nacional chamado Plitvice. A beleza desse lugar é fora do normal, chega a emocionar de tão bonito que é, então, é claro que eu tinha que conhecer.
Fiz tudo de última hora e deixei o vento me levar. Comprei a passagem de ônibus e fui. Como o parque estava reabrindo justamente na semana em que eu o visitaria (na maior parte do inverno ele fica fechado), estava bastante vazio, e tive dificuldade de encontrar a recepção.
Durante a busca, conheci um casal e o irmão do rapaz. Eles também estavam meio perdidos e, quando localizei a recepção, chamei-os. Em poucos minutos, me convidaram para fazer o passeio junto com eles.
Eles eram muçulmanos. O casal havia chegado recentemente à Croácia para fugir da guerra da Síria, e o irmão estava visitando para ver se conseguiria se adaptar e, posteriormente, fazer daquele lugar sua residência.
Por puro preconceito e um pouco de trauma do que havia acontecido na Turquia, pensei em abandonar a família, já que o local era no meio de uma floresta e eram três contra um. Porém, a coragem falou mais alto, e vi naquele momento a oportunidade de dar ouvidos àquela história. Foi minha melhor decisão!
Trocamos histórias e experiências de vida, aprendemos sobre a cultura e a tradição uns dos outros e, ao longo do dia, criamos um laço de amizade, cuidado, respeito e carinho entre nós. Na verdade, essa conexão ficou tão forte que cheguei a me sentir parte da família, quando, durante nosso lanche, compartilhamos o que tínhamos em total igualdade. E olha que, por falta de organização, eu não tinha quase nada a oferecer.
Voltamos juntos para a capital e, ao final, além dos contatos, trocamos abraços que senti entregarem reciprocamente os melhores desejos, com a certeza de que aquele dia tinha nos mudado um pouco para melhor. Mesmo com tantas diferenças, encontramos muita similaridade e troca. Um dia memorável e inesquecível.
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A sinceridade em reconhecer o que se sentiu no primeiro encontro, me ganhou nesse texto. E o autor ganhou também o meu respaldo. Essas surpresas muito nos movem na vida.