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Encontro casual

Silvia Ribeiro

Curioso como as pessoas não imaginam o quanto de marcas profundas deixam na vida da gente.

As vezes um encontro casual e sem grande convencimento se transforma em uma inebriante história de amor. Não estou me referindo a esses romances que se vive por aí, com direito a troca de alianças, juras eternas, e mudança de status em rede sociais.

Falo das histórias que não demandam foguetórios, pisca-pisca, nem panfletagem de emoções. Como diria um bom malandro- no “miudinho”. As tais que que vivem à sua maneira, nutridas por uma linha tênue entre um desejo que arde e uma saudade que refresca.

Dessas que nos invadem de uma tal forma que dá gosto experimentar. É como se tivéssemos vivendo o último dia da nossa existência sem deixar um minuto pra trás. Vivemos uma consistência e uma entrega tão exacerbada que a assiduidade se torna secundária.

Por isso, preferimos deixar o coração à deriva, ao invés de habitar em solos espinhosos advindos de rótulos que nos deixam frágeis. E pra enfeitar as nossas fantasias combinamos com as flores pra que elas se tornem acessíveis quando as recordações quiserem nos ensinar um novo passo de dança.

E aprendemos que podemos encontrar esse sentimento em algum canto do nosso armário, e podemos senti-lo a qualquer distância ou a qualquer minuto de desejo. E isso não sobrecarrega os nossos pensamentos.

Os dias vão passando e transformamos esse benquerer numa roda gigante que gira lentamente, ora aqui, ora ali.

E num desses “ora ali” conversamos com a  nossa memória e ela nos diz:

Não se pergunte em que cama esse amor descansa nesse momento, pra quem ele pode estar contando como foi o seu dia, ou com quem ele toma o seu drink.

É pra você que os seus olhos fazem festa!

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