Ainda estamos aqui

Ainda estamos aqui - Fonte: Pixabay

(texto original publicado em 04/12/2024, depois que assisti ao filme : Ainda estou aqui no cinema. Dedicado à Fernanda Torres e Eunice Paiva)

Ainda estamos aqui.
Para ecoar suas vidas.
Para seus silêncios, seus gritos, seus choros.
Mortos sem nome, sem data, sem papel.

Ainda estamos aqui.
Para cuidar da memória.
Para zelar pela história.
Mortos sem terra, sem chão.

Ainda estamos aqui.
Para curar as feridas, para destacar as desimportâncias.
Coisas pequenas como estas.
Mortos com fome, com sede.

Ainda estamos aqui.
Para não sermos esquecidos nas impermanências.
Para poder continuar.
Mortos à deriva.

Ainda estamos aqui.
Para fechar ciclos.
Para lembrar da finitude, da potência do luto.
Mortos privados de criação.

Ainda estamos aqui.
Para denunciar o inaceitável, o incabado.
Para desvendar o mistério da vida.
Mortos carentes de justiça e amor.

Ainda estamos aqui.
Para recomeçar a narrativa.
Para honrar as mensagens de suas vidas.
Mortos sem palavras.

Ainda estamos aqui.
Por Rubens, Doras, Thiagos, Celinas.
De mãos dadas na linha da história.
Nossos mortos ainda vivem.

(Inspirado no filme “Ainda estou aqui”)

Daniela Piroli Cabral

Teobaldo says:

8 de janeiro de 2025 at 11:53

Em sua homenagem, Daniela, reproduzo parte de "Pesadelo", obra-prima de Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós, retrato da necessidade de resistirmos, se sermos resilientes, de SEMPRE ESTARMOS AQUI.

Você corta um verso, eu escrevo outro
Você me prende vivo, eu escapo morto
De repente, olha eu de novo
Perturbando a paz, exigindo o troco
Vamos por aí, eu e meu cachorro

Abraços!